30 de junho de 2008

Mais uma desinformada, desinformando

Há alguns anos, a Exame vem demonstrando uma constante queda na qualidade.
Mas não me lembro de ter visto uma reportagem tão ruim quanto esta:


A vale quer ser verde

26.06.2008

A maior empresa privada do Brasil lança uma campanha com apelo ecológico — seu maior desafio será provar que sua preocupação vai além do marketing

Por Malu Gaspar

Em sua última campanha publicitária, que estreou no início de junho na TV, a Vale investiu na imagem de companhia sustentável, capaz de transformar minérios em sonhos e ainda fazer tudo isso respeitando o meio ambiente e as comunidades nos arredores de suas minas e instalações. A campanha faz parte de um colossal projeto de lançamento da nova marca da empresa, que, em novembro do ano passado, deixou de ser a Vale do Rio Doce para se chamar apenas Vale. Com orçamento de 59 milhões de reais, a estratégia de divulgação do novo nome aproveita para colocar a Vale na onda da “companhia verde”, a mais nova tendência entre as grandes empresas globais que querem agregar uma imagem positiva ao seu nome — seja ela uma mineradora, um banco ou uma companhia de celulose.

Essas corporações já perceberam que empresas amigas do planeta têm maiores chances de ganhar a simpatia dos consumidores e investidores — principalmente na Europa e nos Estados Unidos. “Há uma busca desenfreada por aparecer bonito na foto”, diz Alejandro Pinedo, da consultoria Interbrand, especializada em avaliação e construção de marcas. “O apelo à sustentabilidade passou a ser considerado um dos requisitos para tornar as empresas mais competitivas.”

Um relatório da consultoria Ernst&Young divulgado em abril passado, aponta pela primeira vez a preocupação ambiental dos consumidores e investidores — qualificada como radical greening — como um dos dez principais riscos para os negócios de uma empresa. Nenhuma companhia quer ver colado à sua imagem o atributo de destruidora da natureza — e isso é particularmente dramático no caso de corporações que atuam em setores que já têm uma imagem ruim por seu alto impacto ambiental, como é o caso da mineração. No caso específico da Vale, a situação é complexa.

Dois estudos recentes de bancos internacionais sobre sustentabilidade no setor de mineração colocaram a Vale em uma situação constrangedora. No primeiro, do Citigroup, a brasileira ficou em penúltimo lugar numa lista de 15 empresas. No segundo, da Goldman Sachs, a Vale foi a 14a entre 15 no ranking ambiental e a nona no ranking de investimentos sociais. Os bancos fazem esse tipo de relatório para orientar decisões de investimentos para clientes e instituições que levam em conta critérios de sustentabilidade na hora de aplicar seus recursos. Em maio passado, outro estudo, da Fundação Brasileira do Desenvolvimento Sustentável, fez uma comparação entre os relatórios de sustentabilidade divulgados em 2007 pelas cinco maiores mineradoras do mundo. O estudo avaliou 13 itens. A Vale ficou em último lugar entre nove.

A nova estratégia de marketing da Vale coincide com a expansão internacional da companhia. No ano passado, a empresa passou por seu primeiro teste de imagem global, meses depois do processo de aquisição da canadense Inco. O principal projeto da empresa era uma gigantesca mina de níquel na Nova Caledônia, uma ilha paradisíaca do oceano Pacífico, que enfrentava forte resistência dos aborígines que vivem próximo à área de extração. Ambientalistas europeus tomaram o partido dos aborígines e começaram a protestar contra a empresa. Preocupado com o impacto, o presidente da Vale, Roger Agnelli, se envolveu pessoalmente na solução da crise. Recentemente, a empresa anunciou que pararia de fornecer minério para os produtores de ferro-gusa acusados de usar trabalho escravo ou queimar carvão de madeira ilegal da Amazônia. Não queria correr o risco de passar pelo que passaram os produtores de soja de Mato Grosso, após uma campanha internacional deflagrada pelo Greenpeace em maio de 2006. A ONG organizou protestos em lanchonetes do McDonald’s na Europa acusando a rede de vender produtos contendo carne de frango alimentado com soja proveniente de áreas de desmatamento irregular na Amazônia. Imediatamente, a rede de fast food pressionou seus fornecedores internacionais para não comprar mais a soja brasileira proveniente dos arredores da floresta. A Vale nega que esteja reforçando suas políticas de sustentabilidade em decorrência do processo de internacionalização. “Sempre fomos preocupados com sustentabilidade. Apenas estamos investindo mais no processo de informação do que fazemos”, diz Orlando Lima, diretor de sustentabilidade da Vale.

O apelo da sustentabilidade
Três grandes empresas que apostaram no meio ambiente para melhorar sua imagem
McDonald’s
A rede foi acusada pelo Greenpeace de ser cúmplice da destruição da Amazônia por vender nuggets feito de carne de frango alimentado com soja plantada na floresta.Arede pressionou os fornecedores, que baniram a ração à base de soja da Amazônia
British Petroleum
Em uma estratégia preventiva, a petrolífera inglesa decidiu antecipar-se às cobranças dos consumidores e investiu 200 milhões de dólares para limpar sua imagem, apresentando-se como companhia de energia e não de petróleo
General Motors
A GM estuda abrir mão da linha de utilitários Hummer, um dos grandes sucessos de venda da empresa nos últimos anos. O carro tem péssima imagem entre os americanos politicamente corretos por consumir grande quantidade de combustível

As iniciativas tomadas pela Vale nos últimos meses mostram que a empresa sabe que, pior do que não ter uma imagem de “companhia verde”, é ser acusada de que essa imagem é falsa. “Algumas empresas que nos pedem para construir uma imagem ‘verde’ no fundo não são tão verdes assim. Alertamos que o efeito de se forçar um vínculo que não existe pode ser um desastre”, diz Pinedo, da Interbrand. “A empresa precisa realmente ter comprometimento ambiental.” Um dos casos que ainda despertam muita desconfiança, por exemplo, é o da British Petroleum. A BP, que sempre esteve associada à poluição, investiu 200 milhões de dólares nos últimos anos para se transformar numa companhia preocupada com meio ambiente, com grande espaço para energias alternativas. Isso, no entanto, não foi suficiente para livrá-la das acusações de “greenwashing” (maquiagem verde). Ainda hoje, a BP é patrulhada pelos ambientalistas, como provam as recentes denúncias de que estaria envolvida em um pesado lobby contra o endurecimento das leis ambientais nos Estados Unidos. No caso da Vale, por enquanto, a estratégia de aparecer como uma “companhia verde” não enfrentou reveses. Mas só o tempo — e as ações que vierem com ele — dirão se a campanha é apenas uma estratégia de marketing ou uma preocupação concreta.

O grifo (em negrito) na última frase é meu.
O artigo inteiro baseia-se em premissas equivocadas sobre a conceituação, mas esta frase final é a mais representativa: perceba, prezado leitor, que há apenas 2 opções apontadas ali, ambas referindo-se à campanha da Vale para associar sua imagem à "sustentabilidade".
Uma das opções é: trata-se de uma preocupação concreta.
A outra opção, em posição contrária, é: trata-se de uma estratégia de marketing.

Então, pode-se concluir que uma estratégia de marketing NÃO é uma preocupação concreta ?
Ou a repórter que escreveu (mal) o texto quer associar "estratégia de marketing" à tentativa de fazer propaganda (e pior: ENGANOSA!) ????

O subtítulo da matéria ("seu maior desafio será provar que sua preocupação vai além do marketing") também induz o leitor a seguir a mesma linha de raciocínio....

A repórter que assina a matéria (Malu Gaspar) precisa, URGENTEMENTE, estudar. Ficam algumas sugestões de livros que poderiam salvá-la do mico (um gorila, na verdade) de confundir "marketing" com "propaganda enganosa": aqui, aqui, aqui e aqui.

Ok, reconheçamos que não é a primeira (nem última) vez que alguém confunde "marketing" com "propaganda". Eu mesmo já citei alguns exemplos aqui no blog, dentre os quais destaco este aqui.

Contudo, uma revista de negócios, com a tradição da Exame, deve ser muito mais cautelosa com relação a este tipo de erro....
Especialmente porque muita gente que lê um texto desses, se não tem muito senso crítico ou mesmo se não conhece um pouco mais sobre o assunto pode acabar formando uma impressão errada.

Lembro de uma vez, numa aula, quando uma aluna me questionou, tendo por base uma matéria da Exame que tratava de uma sandália que usa o nome da Gisele Bündchen (nem lembro mais qual o modelo). Isso foi no ano passado. Minha aluna cometeu um erro muito singelo e inocente: acreditou numa afirmação de uma matéria da Exame....

Por essas e outras, eu sempre incentivo meus alunos a lerem qualquer coisa (desde rótulo de papel higiênico a livros) com base em SENSO CRÍTICO. Preciso ajudá-los a não serem ludibriados por repórteres mal-informados ou mal-intencionados.....

Redes sociais na web e SPAM

Conforme eu já havia comentado anteriormente (aqui e aqui), o crescimento das redes sociais na web não pode ser ignorado.
Infelizmente, como é da natureza do ser humano, os aproveitadores são sempre os primeiros.....
O artigo abaixo (do site e-Marketer) mostra muito bem os problemas potenciais:

Social Networks and Spam
JUNE 13, 2008

Does everyone suddenly want to be your friend?
In the past 12 months, more than four-fifths of social networking site users said they received unwanted (or spam) "friend" invitations, messages or postings on their social or professional network account, according to a Cloudmark-commissioned poll conducted by Harris Interactive.

The problem with such unsought friend invitations is that they are often a prelude to more malicious activity. Social networking spam generally targets users with unsolicited product messages or attempts to redirect them to a phishing or malware site. Two-thirds of respondents said they would consider switching social networks if spam became too frequent.


"Social networking sites need to be concerned about the proliferation of spam and phishing attacks and the impact it could have on their ability to grow and retain members," said Jamie de Guerre, CTO of Cloudmark, in a statement. "Social networking providers must address the security issue head-on or risk declining usage and revenues."

Frequency with which US Adult Social Networking Site Users Access Social Networks*, May 2008 (% of respondents)

Respondents received an average of 64 unwanted friend invitations, messages or postings in the last 12 months.

Mr. de Guerre said that "consumers needed to take the same precautions they have adopted in other forms of online communications, including never responding to unwanted messages and never posting personal information on their profiles that could lead to identity theft."

Privacy concerns were one of the main barriers to using social networks cited by respondents ages 40 and over in a recent JWT BOOM/ThirdAge study.

Leading Reasons for Not Using Social Networking Sites according to US Internet Users Ages 40+, May 2008 (% of respondents)

Social networks are currently sensitive to anything that could affect their use—and ad revenues. Facebook quickly retooled its Beacon behavioral targeting system in November 2007 in response to a privacy backlash.

Advertising on social networks has already proved more challenging than initially expected, prompting eMarketer in May to lower its social networking advertising spending projections.

US Online Social Network Advertising Spending, 2006-2012 (millions and % change)

"These new forms of advertising are more difficult to plan, measure and quantify than what advertisers are used to, and that has impacted spending growth," said Debra Aho Williamson, senior analyst at eMarketer.


Funcional, mas sem comercial

Na semana passada, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou a suspensão em todo o país da propaganda do iogurte Activia, fabricado pela Danone. Segundo a ANVISA, "as peças publicitárias induzem o consumidor à idéia de que a ingestão do produto é solução definitiva para problemas de constipação intestinal [funcionamento irregular do intestino]", quando ele "apenas contribui no equilíbrio da flora intestinal e seu consumo deve estar associado a uma alimentação saudável e à prática de exercícios físicos". Para ler a íntegra, veja aqui.

A agência disse que estão liberadas propagandas do iogurte que não apresentem os mesmos problemas, já que não há qualquer irregularidade com o produto. O comercial do Activia diz que "seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis" e convida o telespectador a um "desafio": "Regule seu intestino. Tenha sim uma vida mais saudável. Faça o desafio: tome Activia todos os dias. Se não funcionar, a Danone devolve o seu dinheiro".
A Anvisa apontou ainda outra irregularidade na publicidade -ela não menciona se o produto contém ou não glúten. A exigência é feita porque há pessoas que possuem alergia à proteína. Os veículos de comunicação que continuarem a reproduzir a propaganda estão sujeitos à serem multados entre R$ 2.000 e R$ 1,5 milhão.

Segundo informa a Folha de São Paulo (aqui), uma pesquisa da UnB mostra que o Activia é o sexto alimento mais anunciado na Rede Globo. O trabalho analisou as peças publicitárias veiculadas entre agosto de 2006 e agosto de 2007.

O site Meio & Mensagem informa (aqui, para assinantes) que a Danone investiu R$ 25 milhões, desde o iníicio deste ano, na comunicação da linha Activia, com o objetivo de informar que os produtos, que funcionam como um paliativo aos problemas intestinais, podem ser adotados também por idosos, crianças, mulheres grávidas e outros consumidores. "A utilização das mulheres como eixo de nossa comunicação acabou gerando dúvidas no restante do público, que se interessava pelo produto, mas não sabia se podia consumi-lo", diz Rodrigo Chaimovich, gerente de marketing da Activia.

Apesar de as mulheres serem as maiores vítimas dos distúrbios intestinais, a Danone decidiu, nesta nova campanha, mostrar que os benefícios do uso de iogurtes funcionais não são de exclusividade delas. Com o mote Activia funciona para você, a multinacional procura expandir a linha para nichos de consumidores que até então não tinham sido alvos das estratégias de marketing da marca de iogurtes, que está presente no mercado nacional desde 2004.

Responsável por eliminar essa dúvida, a agência Young & Rubicam, detentora da conta da marca desde a sua fundação, preparou uma campanha alicerçada nos depoimentos de consumidores, que frisam a credibilidade da linha. A ação é composta de 7 filmes, veiculados em rede nacional, e por materiais de ponto-de-venda. Além de disseminar a marca para outros públicos, a meta é também consolidar a liderança da Activia entre os iogurtes funcionais. De acordo com dados do mês de janeiro do Instituto A/C Nielsen, a marca já detém 92% do share no segmento.

Como parte da ação, o portal da marca também foi reformulado. A agência Sinc, detentora da conta digital da Activia, foi responsável pelo incremento da página com informações e dicas para os consumidores. A estratégia do 'Desafio Activia' - promoção existente desde 2006, na qual a Danone se compromete em reembolsar os consumidores que não aprovarem os resultados dos produtos - deve continuar, mas sem ser o núcleo dos filmes, como vinha ocorrendo nas últimas ações. "As pessoas já se conscientizaram do compromisso com a qualidade do produto, por isso não precisamos enfatiza-lo. Agora, queremos mostrar que a linha é feita para todos", finaliza Chaimovich.

Esta categoria de alimentos "funcionais", segundo reportagem de 2004 da Folha de São Paulo (aqui, para assinantes), existe desde que o homem tira da terra o que come. A novidade mesmo são os funcionais na versão industrializada -o que pode levar você se deparar com um sorvete de menta com fibras ou com um envelope de sopa instantânea de soja.

Além da função de nutrir, os funcionais possuem componentes que podem mudar o metabolismo do corpo e, assim, prevenir certas doenças, como câncer ou problemas cardiovasculares, explica Jocelem Mastrodi Salgado, pesquisadora, professora de nutrição da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP, e presidente da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais, entidade criada há dois anos.
E a adição da substância terapêutica de um funcional a um produto já conhecido é um dos segmentos do setor alimentício que mais crescem. Segundo pesquisa divulgada, em março, pela irlandesa Research and Market, esse mercado cresceu 60% entre 1998 e 2003 e, neste ano, deve movimentar US$ 51,3 bilhões.
Como o europeu, o brasileiro prefere nutrientes extras em seus alimentos, em oposição à tendência americana de priorizar o consumo de suplementos e complexos vitamínicos, diz a engenheira de alimentos da Unicamp Gláucia Pastore.
"É uma tendência, e o conceito agora no país está tomando força", afirma Sandra Rietjens, da Danone. A empresa acaba de lançar o Activia, iogurte que promete acelerar em 40% o trânsito intestinal. É vendido há 20 anos na França, país de forte consumo de funcionais, e só chega agora ao Brasil depois que pesquisas identificaram os 30 milhões de consumidores em potencial do iogurte: pessoas com intestino preguiçoso. "Os funcionais são os que mais contribuem para o faturamento da Danone", diz Rietjens.
A concorrente Vigor acaba de lançar o leite fermentado com soja, com gosto bem próximo ao dos outros fermentados existentes. A concorrência no mercado de bebidas lácteas leva a indústria a se movimentar para criar diferencial.
"O mercado de iogurtes está saturado. Para nos diferenciarmos da concorrência, desenvolvemos um iogurte com soja", diz Vinícios Ramos, vice-presidente da Vigor. Aliás, o composto ativo da soja, a isoflavona, é o mais estudado entre os funcionais. Outro, cujos benefícios são bem conhecidos, é o grupo das fibras. A oferta inclui margarinas, sorvete, balas e até um salgadinho com fibras, que promete suprir 10% das necessidades diárias dessa substância.

"Fizemos uma pesquisa e foi constatado que a mãe não tem prazer em dar salgadinhos aos seus filhos, por não ser um produto completo na alimentação. Então, enriquecemos o salgadinho com vitaminas, ferro e adicionamos a própria fibra do milho", afirma Gabriel João Cherubini, vice-presidente da Yoki. Apesar de vitaminado e enriquecido com fibras, é alvo de críticas. "O problema dos salgadinhos são as gorduras saturadas [que elevam o colesterol "ruim']. Um componente benéfico como a fibra não neutraliza o efeito nocivo que elas causam no organismo", diz José Alfredo Gomes Arêas, responsável pelo Grupo de Propriedades Funcionais dos Alimentos, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública, da USP.
Arêas compara a inclusão dos funcionais nas prateleiras com a invasão dos produtos light. "As pessoas passaram a consumir mais do que comiam só porque um produto tinha menos calorias. O que me preocupa é um consumidor passar a ingerir muito mais do que o necessário de um determinado alimento, pensando estar fazendo bem à saúde. Não estará. Ele deve apenas comer aquela quantia com a qual já está acostumado." Isso porque, como tudo, os funcionais em excesso também podem fazer mal, diz Franco Lajolo, professor do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da USP. "Muita fibra, por exemplo, pode produzir gases."
O extremo também pode comprometer a absorção de alguns nutrientes, como cálcio e ferro. Já tomar probióticos demais dá diarréia. E qual a medida adequada de consumo dos funcionais? A que manda o bom senso, ou seja, o equilíbrio na quantidade, na variedade e na regularidade. Afinal, as pesquisas comprovam a eficácia dos funcionais somente quando consumidos a longo prazo, diz Daniel Magnoni, da Federação Latino-Americana de Nutrição. Esse mercado também produz confusão.

Alimento enriquecido com ferro e vitaminas, por exemplo, é diferente do batizado de funcional, porque as primeiras são substâncias que estão -ou deveriam estar- presentes no organismo, o que não é o caso dos componentes dos funcionais, explica Magnoni.
É bom lembrar ainda que alimentos geneticamente modificados são funcionais desde que sejam transgênicos de segunda geração. Esses são alterados para terem suas propriedade "turbinadas" -como tomate com maior concentração de licopeno. Para separar o joio do trigo, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 1999, formulou regras para assegurar que o alimento cumpra a promessa dos benefícios que vende na embalagem.

Para o futuro, a meta é os alimentos funcionais desempenharem um papel muito mais determinante no controle e na prevenção de doenças. A decodificação e interpretação do genoma humano abre a possibilidade de o diagnóstico ser feito antes de o indivíduo desenvolver uma doença. "A partir daí, será prescrita uma dieta que previna e até impeça a evolução do mal", diz Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia.

A pressão dos consumidores

Uma matéria da Folha de São Paulo (na íntegra aqui) me fez lembrar de algumas coisas que eu escrevi nos primeiros posts deste blog, no ano passado.
Vamos a alguns trechos da matéria, primeiro:
A denúncia da ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu sobre a interferência da Casa Civil nas decisões da autarquia durante o processo de venda da VarigLog e da Varig trouxe à baila mais uma vez a discussão a respeito dos limites para a atuação do governo nas agências reguladoras.
O especialista Ronaldo Fiani, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), defende a intervenção. "Criou-se uma convicção generalizada de que agência reguladora não deve sofrer pressões. Agência que não sofre pressão regula mal. Ela tem de ser pressionada por consumidores, empresas e até pelos governos, se atua de forma lenta. A questão é o tipo de pressão que pode ser feita", diz o professor.
Na opinião de Fiani, o modelo regulatório brasileiro é contraditório e confuso. No caso específico da Anac, aponta o estudioso, isso fica bastante claro quando se analisam as suas funções: elas são divididas com a Aeronáutica e a Infraero, o que dificulta a atribuição de responsabilidades e contribui para fragilizar institucionalmente a agência.

Já Paulo César Coutinho, da UnB (Universidade de Brasília), acredita que o modelo teve um projeto adequado -a implantação errada é que enfraquece as agências e as leva a apresentar desempenho muito irregular. Um dos maiores problemas, na sua visão, é justamente a ingerência do Poder Executivo. Tais excessos têm fundo ideológico, para o especialista. "O PT sempre foi contra as privatizações. O entendimento do partido é que, uma vez que os setores foram privatizados, o governo precisaria ter um controle sobre eles. A independência das agências vai contra a maneira centralizada com que o PT gere o Estado", afirma.

Outro defeito decorrente da maneira como as agências foram estabelecidas, de acordo com Coutinho, é a indicação, para os seus quadros, de profissionais que não ostentam a formação adequada. "Em outros países, a aprovação, pelo Congresso, dos nomes sugeridos pelo governo é feita criteriosamente. No Brasil, temos uma análise superficial. Alguns diretores, ao assumir, não tinham praticamente nenhuma experiência na área na qual iam trabalhar", afirma o professor.


Garantir a independência dessas autarquias é fundamental, frisa Coutinho, pela importância do papel exercido por elas. "Os setores regulados são muito concentrados e pouco sensíveis a preços. É preciso achar um equilíbrio entre atrair investidores e cobrar valores justos da população. Por isso, as agências necessitam de uma diretoria focada no longo prazo, que não esteja sujeita aos interesses políticos do momento", afirma.

Pois é......
A função primordial das agências reguladoras, quando foram criadas, era justamente REGULAR o setor, de forma isenta, imparcial, independente. Lamentavelmente, nunca foi assim.

E, no final das contas, os consumidores/cidadãos é que pagam a conta.

Literalmente.

Neste sentido, é curioso rever alguns posts antigos aqui do blog: aqui, aqui, aqui e aqui.

Para outras leituras relacionadas ao mesmo tema:

29 de junho de 2008

Consumidores da classe C

Faz algum tempo, tratei do crescimento das classes C e D como consumidores atrativos para muitas empresas (aqui).
Depois de ter publicado aquele post, a Revista Veja trouxe, na capa, uma extensa reportagem sobre o mesmo assunto (aqui, para assinantes). Algumas das informações que destaco nesta matéria:

Comparado ao meio bilhão de novos consumidores que China e Índia produziram na última década, o fenômeno brasileiro pode não impressionar. Mas é notável. É como se, nesse curto espaço de tempo, dois Portugais inteiros tivessem saído da pobreza no Brasil. O resultado disso é que, em um fato inédito na história recente, a classe C é hoje o estrato social mais numeroso do país. Segundo o estudo Observador 2008, são 86,2 milhões de pessoas, o equivalente a 46% da população brasileira (em 2005, a participação delas era de 34%). Já as faixas D e E, que representavam 51% da população em 2005, agora tiveram sua fatia diminuída para 39%.

É sempre uma boa notícia a ascensão econômica de pessoas, especialmente a caminho da classe média, notório colchão social entre os estratos mais ricos e mais pobres, capaz de reduzir as tensões sociais e conter a demagogia anacrônica da luta de classes, muito em voga na América Latina.

Se a emergência da classe C é um processo sustentável, só o tempo dirá. O que se pode atestar com certeza é que essa transformação deu novo ânimo à economia, despertando o surgimento de negócios, criando empregos e aproximando o Brasil de uma verdadeira economia de mercado. Diz o filósofo Roberto Romano, da Unicamp: "Um país em que a classe média diminua está fadado à estagnação social e econômica. O desafio agora será integrar essa massa populacional à produção de bens e serviços mais elaborados, com investimento em educação técnica, para que esse fenômeno não seja passageiro".

O cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais, concorda: "O aumento do poder de consumo nas classes mais baixas, associado à estabilidade da economia, trouxe uma nova dinâmica social e resultou numa situação inédita de redistribuição de renda". Trata-se, segundo ele, de um marco na história do país, que o coloca no limiar do desenvolvimento.

Mas podemos perceber que diversas empresas têm, ultimamente, prestado mais atenção a este segmento de consumidores que vem crescendo....
Após um ano de estudos e pesquisas de mercado, a Tigre lança uma nova empresa de acessórios para banheiro, lavanderia e áreas externas voltadas para as classes C e D. Batizada de Plena, a nova empresa já chega ao mercado com um portfólio de 100 produtos, muitos deles incorporados da própria Tigre.
A Plena vai atuar em um segmento em que a Tigre participava, mas de forma marginal. A companhia ainda tem no mercado produtos como tampa de vasos sanitários, lixeiras ou porta-sabonetes com a marca Tigre. Toda essa linha de acessórios desaparece do portfólio da maior empresa de tubos e conexões de PVC e passa a integrar a cesta de produtos da Plena. A nova companhia vai ampliar o que a Tigre já produzia na linha de acessórios e deve dobrar seu portfólio nos próximos dois anos.

A criação da Plena foi a maneira encontrada pela Tigre para focar suas áreas de negócio e também aproveitar de forma mais ampla o crescimento a taxas chinesas que a indústria de materiais de construção vem experimentando desde o ano passado.
A Tigre investiu R$ 25 milhões na nova companhia, que será liderada por Evandro Sant'Anna. Cerca de R$ 10 milhões foram aplicados na construção de uma fábrica na cidade mineira de Pouso Alegre, onde também ficará a sede da companhia. Boa parte dos recursos serão utilizados também em uma agressiva campanha de marketing.

A Tigre espera que a Plena esteja faturando algo próximo a R$ 100 milhões em 2010. Contando com a rede de distribuição da Tigre, a companhia inicia as vendas em cerca de 15 mil pontos de comercialização no Brasil. Para 2010, a aposta da Plena é de que seus produtos sejam comercializados em 30 mil pontos de venda.
A matéria é do Valor Econômico, na íntegra aqui. O mesmo Valor Econômico publicou (aqui) outra reportagem, desta vez tratando das novas estratégias da Deca para atingir as classes C e D:

Líder no mercado brasileiro de metais sanitários, a Deca, divisão de negócios da Duratex, agora se prepara para disputar o primeiro lugar com a espanhola Roca no segmento de louças sanitárias. Após adquirir a Ideal Standard e a pernambucana Cerâmica Monte Carlo por R$ 60 milhões cada uma, a companhia se diz pronta para ampliar a produção anual de louças sanitárias de 3,6 milhões de peças para 7,2 milhões de peças. "Continuaremos a dar foco ao mercado de luxo, mas nossa expansão passa obrigatoriamente pela classe C", afirma Raul Penteado, diretor geral da Deca.

Dona de 19% do mercado de louças sanitárias, a Deca decidiu apostar em uma expansão rápida neste setor no início do ano passado, quando ficou claro que o acesso ao crédito imobiliário para a classe C se tornaria mais amplo e as taxas de juros reais ficariam em apenas um dígito. A companhia cogitou a idéia de construir novas unidades produtivas, mas pelo fato de estar atuando perto de sua capacidade optou pelas aquisições. "Com as unidades que estão sendo agregadas à companhia nossa participação de mercado será de mais de 30% quando todas as novas fábricas estiverem completamente operacionais", diz o executivo. A Roca, dona da Incepa e da Celite, tem algo próximo a 40%.

Com as aquisições, a Deca incorporou três novas fábricas. Uma em Jundiaí (SP), uma em Queimados (RJ) e uma terceira que pertencia a Monte Carlo em Cabo de Santo Agostinho (PE). Juntas, as três unidades fabris têm uma capacidade de produção da ordem de 3,2 milhões de peças ao ano. Neste momento a antiga fábrica da Ideal Standard em Queimados não está operando. "Começaremos lá no ano que vem e vamos expandindo a produção de acordo com o aquecimento da demanda."

Assim como tem acontecido nas outras unidades da Deca nos últimos três anos, boa parte do que sair dos fornos dessas novas fábricas terão como destino os consumidores da classe C, responsáveis, segundo Raul Penteado, pela melhora na rentabilidade da Deca nos últimos anos. Desde que percebeu que haveria uma explosão no consumo no segmento econômico, a Deca iniciou um processo amplo de renovação de seu mix de produtos. A companhia investe cerca de R$ 25 milhões anuais em desenvolvimento e nos últimos três anos mais de 50% desse valor têm sido destinado ao segmento econômico. Dos mais de 200 novos produtos que colocou no mercado desde 2006, mais de 70% deles foram destinados à classe C. "É impossível crescer sem olhar para esse segmento, as margens são menores, mas é dele que vem a escala", diz.

Um dos primeiros negócios do engenheiro Olavo Setubal, criada em 1947, a Deca hoje é uma forte divisão da Duratex, subsidiária da holding Itausa que atua também no segmento de madeira, pisos laminados e chapas de fibra. Em 2007, a Deca respondeu por 34% das vendas da Duratex, que geraram receita líquida de R$ 1,67 bilhão. A expectativa entre vários executivos da companhia, que fazem questão de não o fazerem publicamente, é de que a Deca cresça 15% este ano, sobre um crescimento de outros 15% no ano passado.

Apesar de não admitir as estimativas otimistas de um ciclo de expansão forte por mais dois ou três anos, os agressivos investimentos na expansão da capacidade de produção mostram que a companhia acredita que o mercado vai passar a atuar em um novo patamar em pouco tempo. "O fato é de que estamos certos de que o boom da construção civil para as camadas mais populares ainda não aconteceu", diz um otimista Raul Penteado. "O grande crescimento nesse mercado ainda está por vir".

Além dos R$ 120 milhões que investiu na aquisição de duas concorrentes do segmento de louças, a Deca está aplicando outros R$ 120 milhões na ampliação de sua capacidade de produção em metais sanitários. Neste caso a companhia optou por não ir às compras e está construindo uma nova unidade em seu complexo de Jundiaí. "Não estamos apenas comprando mais maquinário, estamos dobrando a área física da fábrica, o que nos permitirá ampliar nossa capacidade de produção em 35% até o fim do ano que vem", diz o executivo.

Assim como no segmento de louças, a Deca também pretende ampliar ainda mais o leque de produtos de metais sanitários voltados para a classe C. "Continuaremos tendo uma torneira de R$ 2 mil, mas também queremos ter torneiras de R$ 40 nas prateleiras das lojas de construção", afirma Raul Penteado. A companhia não pretende criar uma marca específica para atuar no mercado popular ou no mercado de luxo. Independente do preço final, diz Penteado, todos os produtos serão identificados apenas pela marca da companhia.

28 de junho de 2008

Marketing ineficaz trava turismo no Brasil

A matéria é da Folha de São Paulo de 08/04/2006:

Um estudo sobre as condições de infra-estrutura e de serviços dos principais destinos turísticos brasileiros [...] mostrou que as duas maiores deficiências do setor são a ausência de marketing eficaz e falta de monitoramento da atividade nos municípios e Estados.

A Fundação Getulio Vargas estabeleceu uma escala que de 0 (deficiência máxima) a 100 pontos (eficiência máxima). As ações de marketing obtiveram 37,6 pontos, e o monitoramento da atividade turística, 34,8. O quesito mediu a existência de pesquisas de satisfação de turistas e a qualidade das estatísticas sobre o setor nos 65 destinos. E pode ser traduzido da seguinte forma: não há um conjunto de dados que mostre o que deseja o turista (brasileiro ou estrangeiro) e nem os serviços que são oferecidos a ele -mesmo nas cidades e regiões com maior potencial turístico.

O quesito com a melhor avaliação (61,8) foi o de infra-estrutura, que inclui saúde pública, energia, comunicação, segurança pública e urbanização. Apesar da crise na aviação, o quesito "acesso" ( transportes aéreo, rodoviário e ferroviário) veio logo atrás com 61,6.

Todas as capitais brasileiras foram visitadas pelos pesquisadores da FGV, que estabeleceram 13 parâmetros, que vão das condições de acesso às cidades (estradas e aeroportos, por exemplo) à capacidade empresarial dos empreendedores locais. Na média, o Brasil como um todo obteve 52,7 pontos.


Para quem se interessar por maiores detalhes, sugiro uma pesquisa nos artigos da revista OBSERVATÓRIO DE INOVAÇÃO DO TURISMO, aqui.

27 de junho de 2008

Qual a função da legislação no Brasil ?

Quando vejo as empresas que atuam no setor de Telecomunicações (incluindo rádios, TVs fechadas ou abertas, telefonia etc), fico me perguntando: as leis, no Brasil, servem para quê ?

Vejamos o caso da fusão da Oi (antiga Telemar) com a BrasilTelecom.
A legislação em vigor (Plano Geral de Outorgas) proibe EXPRESSAMENTE a fusão de empresas detentoras de concessões em diferentes regiões do país. Contudo, as empresas vêm discutindo PUBLICAMENTE a fusão, anunciaram o plano de como ela deveria ocorrer, qual seria o modelo de negócios, a participação acionária na empresa resultante da fusão etc, etc, etc...
Tudo isso aconteceu, repito, PUBLICAMENTE: jornais, revistas e quaisquer meios de comunicação que se prezem acompanharam o negócio. Um negócio ILEGAL, porque proibido EXPRESSAMENTE pela legislação (ainda) vigente.
Contudo, nada disso criou nenhum tipo de embaraço às empresas, que discutiram publicamente seus planos.
Basta ler esta matéria aqui para se ter uma noção geral da coisa.

O que as empresas fizeram (na verdade, vêm fazendo) é equivalente à seguinte situação: eu crio um site que vende maconha, heroína e cocaína, no modelo do Submarino (ou qualquer outra loja de comércio eletrônico), e fico na torcida para que o governo mude a legislação que trata do tráfico de drogas.
Se eu tenho bastante dinheiro, posso criar um factóide (como investir uns 10 milhões de reais numa empresinha de fundo de quintal que, por mera coincidência, é da propriedade do filho do Presidente da República), capaz de pressionar o governo a mudar a lei, para que o meu negócio prospere.
Contudo, HOJE, o meu negócio é ilegal.
Mas isso não importa: eu fico na expectativa de que o governo, sensibilizado pelos meus esforços, venha a mudar a legislação.

Levando a mesma situação a um outro caso: eu mato uma pessoa, hoje, e depois torço para que o Código Penal seja revisto, de tal forma que o crime de hoje transforme-se em direito amanhã.

Não é lindo ????????????

O pior é saber que tudo isso que eu descrevi aqui NÃO é fictício.
Como se não bastasse, os clientes destas empresas são tratados com um desrespeito igualmente público e notório:

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) constatou que as novas regras de telefonia celular, que entraram em vigor no dia 13 de fevereiro de 2008, não estão sendo cumpridas.

Segundo o superintendente de radiofrequência e fiscalização da Anatel, Edilson dos Santos, a constatação veio depois de um trabalho de fiscalização relâmpago, em que foram verificadas questões como o desbloqueio, a devolução de cobrança indevida e a publicidade nas lojas sobre os direitos do cidadão.

Edilson revelou que as nove operadoras de celular que atuam no país apresentaram falha quanto ao cumprimento das regras. "Instauramos nove processos administrativos para cada uma das operadoras. Esses processos estão em tramitação aqui na Anatel e espero que, o mais rapidamente possível, eles estejam sendo processados e julgados para punir as operadoras", disse.

A matéria é da Revista Consumidor Moderno, na íntegra aqui.

Em vista de tudo isso, retomo minha pergunta inicial: QUAL É A FUNÇÃO DA LEGISLAÇÃO NO BRASIL ?

26 de junho de 2008

Blogsfera

Graças ao (quase) início das férias letivas, nesta semana tenho conseguido acompanhar alguns blogs muito interessantes.

Ficam algumas sugestões de EXCELENTES blogs: aqui, aqui, aqui e aqui.

Este último link, por sinal, deve constar dos favoritos: o Rafael tem um organização incrível para conseguir postar textos tão bons, com tamanha regularidade..... (digo isso com uma ponta de inveja, porque nunca dá tempo de atualizar o marketing room do jeito que eu gostaria, comentando tantas notícias e informações que me chegam diariamente).

Por que ler os blogs ?
Bom, em primeiro lugar, porque têm ótimo conteúdo.
Em segundo lugar, porque cada vez mais gente vem fazendo isso - o que permite que haja uma melhora no nível (porque, convenhamos, tem muito lixo por aí....)......

Afinal, os internautas brasileiros são campeões em acesso a redes sociais,com 18,5 milhões de usuários residenciais de comunidades e blogs por mês. Se forem somados a esse número fotologs, videologs e os mensageiros instantâneos, a quantidade de pessoas sobe para 20,6 milhões, representando 90% do total de internautas no País (22,4 milhões). Os dados fazem parte da nova pesquisa do Ibope Net//Ratings, apoiado nos dados da NetView, que medirá o comportamento do usuário de redes sociais (sobre a qual já comentei, aqui).
De acordo com o relatório, 17,5 milhões de internautas usam o Orkut, a principal comunidade do Brasil. Em segundo lugar vem o Blogger com 15,1 milhões de usuários e em terceiro o WorldPress, com 8,2 milhões de freqüentadores.

Uma das principais conclusões da pesquisa foi que o público que acessa rede social não é mais apenas o jovem. Usuários maduros já estão freqüentando esses sites. Apesar da faixa etária da maioria dos usuários estar entre 18 e 24 anos, a pesquisa identificou uma mudança recente de frequentadores de redes sociais e comunidades. Houve um aumento de participantes de idade entre 25 e 34 anos, seguido da de 35 a 49 anos.

“A presença em comunidades tornou-se fundamental para uma empresa que deseja conquistar tanto futuros consumidores como reforçar a marca nos que estão em idade de consumo ativo”, segundo Alexandre Magalhães, analista do Ibope/NetRatings, que conduziu a pesquisa. Para ilustrar a capacidade de análise técnica da pesquisa, o Ibope tomou o setor automobilístico como exemplo para retratar dados como quantidade de pessoas ligadas a uma comunidade que gosta de uma determinada marca, a que não tem opinião (neutra) e as que odeiam. Em cima desse resultado foram levantadas a quantidade de outras comunidades ligadas a essa pessoas. O resultado é que se os membros das comunidades relacionadas às marcas de veículos decidissem fazer uma campanha a favor ou contra o consumo de veículos, atingiriam 1 milhão de pessoas duplicadas, ou seja, 500 vezes ou 49% mais impacto do que uma campanha feita no site oficial das montadoras.

25 de junho de 2008

A responsabilidade social: ente abstrato, imaginário, fictício

Parece ser uma "cruzada contra a responsabilidade social", mas na verdade é apenas e tão somente uma enorme ojeriza por modismos imbecis, que só atrasam a discussão de coisas realmente importantes.

Mas recebi uma newsletter da HSM que destacava uma pesquisa sobre o "não-tema": Acompanhe a aplicação, passo-a-passo, de um modelo de avaliação de investimento social em uma grande montadora automobilística e veja quais os principais problemas encontrados, nesta pesquisa realizada na UFMG.

O surpreendente é ver pesquisadores/professores de uma instituição renomada pagando o mico de publicar uma pesquisa que conclui, em linhas gerais, RIGOROSAMENTE NADA.
Fácil perceber a solidez da pesquisa com base em alguns trechos do relatório apresentado (disponível para download na íntegra AQUI), que destaco abaixo (os grifos, em negrito, são meus, bem como alguns comentários em cor diferenciada):

  • Para o projeto X, existe uma percepção distorcida sobre o que representa a renda gerada pelo projeto: a contratação de jovens por clubes esportivos? A verba recebida? Em relação ao projeto Y, os dados não foram fornecidos, mas existem possibilidades de mensuração da renda gerada para a comunidade, por exemplo, pela somatória dos valores de remuneração dos cooperados, ainda que incipientes, pela renda média dos jovens que foram inseridos no mercado em função da qualificação obtida, dentre outros. No segundo fator avaliado, a relação entre os contratos de fornecimento e os projetos sociais, o gestor informou que não existe essa diretriz formalizada, apenas o reconhecimento da ação social das empresas fornecedoras por meio de uma premiação.
  • No quarto fator avaliado, o investimento social per capita, o valor do projeto X foi informado contabilizando apenas investimentos parciais da Empresa Investidora, não o total. O projeto Y não disponibilizou a informação. Pela ausência de dados, o fator que seria avaliado na seqüência (comparação per capita com projetos de referência) foi descartado. O quinto fator avaliado foi a relação entre o investimento nas atividades-fim e nas atividades-meio do projeto. Parece não haver muita clareza na distinção entre elas.
  • O primeiro fator avaliado nesta categoria foi o volume de impostos abatidos. O gerente responsável pela área não soube informar o valor dos impostos, apenas se limitou a mencionar que são os benefícios concedidos pela lei.
  • Merece destaque o fato de que os projetos em questão foram citados por aproximadamente 1% da amostra, o que reflete o desconhecimento efetivo, mesmo entre os formadores de opinião. [OBSERVAÇÃO MINHA: Santo eufemismo, hein ?! Se APENAS 1% da amostra citou os projetos em questão, eles não têm RELEVÂNCIA NENHUMA!!!! UM POR CENTO!!!!!!!!!!!!! Qual o tamanho da amostra ? Se foram 2.000 pessoas, apenas 20 pessoas.....Por outro lado, se foram 500 pessoas, apenas 5 citaram......]
  • Os resultados demonstram o que o próprio mercado já vem apontando: a análise dos projetos sociais não pode estar descontextualizada dos outros atributos, como qualidade e preço. Dificilmente um consumidor aceitará ser maltratado, pagar caro e comprar um produto de baixa qualidade, só em função dos projetos sociais. [OBSERVAÇÃO MINHA: Putz, não dava para fazer nenhuma observação MAIS óbvia do que essa ?! Tipo: "o céu é azul"......?!]
  • O primeiro fator avaliado nesta categoria foi o conhecimento dos projetos sociais da empresa. Apesar de 77% dos funcionários afirmarem conhecer os projetos, apenas 20% citaram o nome do projeto Y e 4% o nome do projeto X, e praticamente metade da amostra (47%) não especificou o nome de nenhum projeto, o que nos permite inferir que o desconhecimento da atuação social da Empresa Investidora ainda é elevado internamente. A maioria dos funcionários (64%) também não sabe que a área responsável pelos projetos sociais é a de comunicação, mencionada por apenas 9% da amostra. Percebe-se que fatores como a sensação de orgulho e o comprometimento dos funcionários com a empresa, apesar de bem avaliados, não apresentam uma correlação significativa com os projetos sociais. [OBSERVAÇÃO MINHA: Mais obviedades........Santa falta do que fazer, Batman!]
  • O primeiro fator avaliado nesta categoria foi a visão de sustentabilidade dos projetos em relação a prazos e recursos financeiros. Apesar de algumas considerações interessantes sobre a dimensão mais qualitativa da sustentabilidade, nenhum dos entrevistados conseguiu responder de forma completa à questão que se referia ao período e aos recursos envolvidos no processo de sustentabilidade. A falta de informação pode representar um risco para a própria continuidade do projeto. [NOUTRAS PALAVRAS: ninguém sabe nada. Mais obviedades, acumulando-se.....]
  • O primeiro fator avaliado nesta categoria foi a economia de recursos naturais promovida pelos projetos sociais e seus impactos financeiros. A gestora do projeto X não soube responder e a gestora do projeto Y, apesar de ter citado que existe o trabalho, não soube mensurar. O gestor da Empresa Investidora não associou a resposta aos projetos sociais, sobretudo em relação ao projeto Y, que utiliza muitos materiais reciclados a partir de refugos da indústria para geração de renda na cooperativa desenvolvida pelo projeto. No segundo fator mensurado, as palestras de educação ambiental, a gestora do projeto X não soube responder e a do projeto Y destacou que esse tipo de trabalho é feito de maneira transversal e não direta. [As pessoas responsáveis por gerenciar os projetos em questão sabem ALGUMA COISA destes projetos ?]

Na minha leitura, esta pesquisa (e as conclusões apresentadas pelos autores) apenas reforça o que venho dizendo há tempos: a tal "responsabilidade social" é um modismo - vazio, inútil e fútil.

Empresas dizem adotá-la, valorizá-la, mas não sabem nem o que significa, nem quais os resultados trazidos.

Oportunistas passam-se por "consultores" e "experts" no assunto, para faturar seus trocadinhos, e, aproveitando-se da ignorância supracitada, implementam "alguma coisa", a que chamam de "responsabilidade social". Porém, não sabem apontar os benefícios reais, não têm bases para sustentar nada, e são igualmente incapazes de apontar métricas que comprovem o resultado. Como se não bastassem, aproveitam-se da mídia favorável para alardear que empresas socialmente responsáveis atraem mais clientes (vide ESTE post, de 22 de Maio) - coisa que não passa de palpite, sem nenhuma base comprobatória.

Enquanto isso, gastam-se dinheiro, tempo e energia batendo cabeça - sem chegar a lugar nenhum.

Para algumas leituras complementares, ficam as sugestões: aqui e aqui. A despeito do niilismo do conteúdo, a forma é divertida....


24 de junho de 2008

GRADIENTE: nova proposta

A matéria abaixo é do Valor Econômico de 18/06/2008:

A Gradiente apresentou dois novos planos de recuperação a seus credores neste mês. Em ambos está prevista a participação de um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com prazo de dez anos, que pode chegar a R$ 300 milhões. Esse é o valor total do endividamento da companhia, e o financiamento estaria condicionado à prestação de fiança pelos próprios credores, que por sua vez receberiam os recursos do BNDES para saldar a dívida da Gradiente. Um esboço das propostas foi enviado há duas semanas a 23 credores, que respondem por mais de 90% do passivo.

Em um dos planos, existe a previsão da participação de fundos de pensão ligados a empresas estatais na recapitalização da companhia. A injeção de R$ 120 milhões seria feita por meio da criação de um Fundo de Investimento em Participações, que também contaria com recursos da empresa de participações do BNDES e um investidor estratégico. Mas fontes da companhia garantem que nenhum acordo foi fechado com possíveis investidores. A empresa foi procurada e informou que não iria se pronunciar sobre o assunto.

A outra opção apresentada é a criação de uma nova empresa, uma subsidiária da Gradiente, que já foi constituída com o nome de Companhia Brasileira de Tecnologia Digital. Esse "plano 2" prevê três formas de capitalização. A própria Gradiente entraria com R$ 50 milhões, que seriam entregues por meio da cessão da marca e ativos que permitiriam a operacionalização da nova empresa. Um investidor aportaria outros R$ 50 milhões. E ainda seria necessário um financiamento de R$ 50 milhões para capital de giro.

Segundo alguns credores, o plano apresentado pela Gradiente no início do mês chegava a apresentar nomes de fundos de pensão, como Petros (dos funcionários da Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal). Fontes do alto escalão de dois destes fundos garantem, entretanto, que nunca foram procuradas pela empresa e que não teriam interesse em aplicar recursos nela.

Na última segunda-feira, uma minuta com a proposta mais detalhada foi entregue pela Gradiente aos credores. A reestruturação está prevista para acontecer em cinco etapas. A primeira já estaria concluída com a contratação de duas assessorias financeiras e a apresentação do plano aos credores. As etapas seguintes envolveriam a aprovação do plano e o acordo com um novo investidor. No último trimestre do ano, a empresa começaria a fazer novos pedidos a fornecedores para começar a operar a pleno vapor em 2009. A empresa atualmente opera parcialmente sua fábrica em Manaus. Caso os credores não aprovem nenhuma das propostas, a empresa entrará com um pedido de recuperação judicial, que lhe dará seis meses de fôlego, já que impede a execução da dívida nesse período.

A Gradiente já havia apresentado pelo menos duas propostas de recuperação a seus credores, assinadas pelo consultor Nelson Bastos, que presidiu a companhia até o mês de maio deste ano. Foi quando Eugênio Staub reassumiu a empresa. Agora, o principal trunfo das propostas passa pelo empréstimo de R$ 300 milhões já alinhavado com o BNDES. Já existe até mesmo uma previsão de juros do financiamento: Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) mais 2,5% ao ano. O prazo total de financiamento seria de dez anos, com dois de carência e oito para amortização do principal. Se a Gradiente se tornar inadimplente, os credores arcariam com a despesa no BNDES em função das fianças. Foi dada também aos credores a opção de eles mesmo financiarem a companhia, ou seja, rolarem a dívida.

Pelo que apurou o Valor, o BNDES está mesmo disposto a ajudar a Gradiente, desde que passe pela garantia dos credores. Em sua história, a empresa já tomou dois empréstimos com o banco e não tem registro de inadimplência com a instituição. Um dos financiamentos foi liberado em 2005, de R$ 100 milhões, e já foi pago. Em 2006, o banco emprestou R$ 63 milhões para a compra da Philco. Ainda faltam serem pagos R$ 20 milhões.

Enquanto a empresa ainda tenta se recuperar, as ações da companhia na Bolsa de Valores de São Paulo continuam sem grandes perspectivas. No mês de junho, as ações da companhia chegaram a subir 20% no dia 06 quando o Banco Safra desistiu de um pedido de falência ajuizado na Justiça de São Paulo. Mas no acumulado do mês as ações praticamente ficaram estáveis comparados com o preço do último dia de pregão de maio, registrando até mesmo uma leve desvalorização. Saiu de R$ 3,13 para R$ 3,11 a ação.

Eu já tratei da Gradiente aqui no blog, algumas vezes - a mais recente delas, aqui.

Esperemos para ver o que acontece......

19 de junho de 2008

Novos hábitos dos consumidores

Ambas as notícias são da Revista Consumidor Moderno:

Cerca de 72% dos internautas brasileiros já obtiveram, em blogs, informações que ajudaram a formar opinião sobre uma marca, produto ou serviço. Os dados são de estudo divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisas Qualibest sobre os hábitos e costumes dos internautas brasileiros, no que diz respeito aos blogs.

Entre os entrevistados, 12% acredita totalmente e 86% parcialmente nas informações que encontram em um diário virtual. Além disso, mais da metade apontaram que se lembram de ter visto algum tipo de propaganda em um blog que costumam visitar.

No quesito acesso, 89% confirmaram que entraram pelo menos uma vez em algum blog, e a média de acessos diários é de uma para a maioria dos entrevistados, e de duas ou mais vezes, para 25%. Entre os temas preferidos estão curiosidades (18%), humor (15%), internet (10%), seguidos de notícias e tecnologia em geral (9% cada). Apenas 9% dos entrevistados costumam acessar blogs internacionais.

Os sites de busca (48%) e recomendações de outras pessoas (30%) foram as maneiras mais citadas para se conhecer um blog novo. A leitura do conteúdo é o recurso mais utilizado (86%) sendo que a maioria acredita que fotos e vídeos são os recursos mais importantes em portal do tipo.A pesquisa foi realizada por e-mail com 1820 participantes em todo o Brasil.

Eu já tratara deste tema por aqui, a partir de uma ótima matéria da Revista Época Negócios.
O uso dos blogs, redes sociais e outras ferramentas da web são, sem nenhuma dúvida, uma megatendência. Espero que as empresas aprendam a usar todos os benefícios oferecidos.......

Nesta quinta-feira (19/6), o IBOPE NET/Ratings lançou seu mais novo produto: uma metodologia para coletar informações sobre o comportamento do usuário de redes sociais.

A ferramenta usada para coletar esses dados é o Coleta RS, uma parceria do IBOPE com a Universidade de São Paulo. Esse robô é programado para fazer um apanhado das comunidades do Orkut, com base em instruções dadas pelo Ibope.

“A partir de um tema, conseguimos iniciar a pesquisa. Os 50 últimos membros a participar de uma comunidade são mapeados e a partir deles mapeamos a participaçao em outras comunidades” explicou Alexandre Magalhães, gerente de análise do IBOPE. “A intenção é entregar ao mercado um medidor mais profundo dessas mídias sociais. É o consumidor do futuro que está na rede social. O impacto pode ser muito rápido. Tratar essas comunidades com a importancia que elas merecem é obrigacao das empresas”.

Os resultados de uma primeira análise mais mercadológica definem que o usuário que gosta de uma marca passa mais tempo numa comunidade sobre ela do que no site institucional. No setor automotivo, por exemplo, o tempo de uso médio por pessoa na internet residencial está concentrado em cerca de 14 minutos por mês para os sites de automóveis e mais de 4 horas nas comunidades sobre automóveis. Uma diferença gritante, de 1,864%.

Os números envolvem somente a plataforma de rede social Orkut, do Google, e as comunidades dentro dela. Nesse primeiro momento, o robô coleta informações apenas do Orkut, mas a idéia, segundo Alexandre Crivelaro, diretor de inovação do IBOPE, é melhorar a ferramenta gradativamente não só para alcançar outras redes, mas também realizar um trabalho qualitativo. “É um trabalho novo, em evolução. Nosso próximo passo seria identificar pessoas que podem influenciar outras pessoas”, comentou. "Imagine essa metodologia aplicada para mapear as reações sobre polícita", acrescentou Magalhães.

Hoje o IBOPE já tem seu braço para audiência na internet, o NETRatings. Segundo o IBOPE, o Coleta RS será um produto complementar, que por ventura terão os dados cruzados para venda de papers e pesquisas customizadas.

14 de junho de 2008

Olhe-se pra você no espelho

Já faz tempo que não trato de um dos meus modismos imbecilizantes preferidos: o MARKETING PESSOAL.
Vou começar diretamente pelo vídeo:



Este vídeo é simplesmente IMPAGÁVEL.
Logo no começo (13 segundos, mais ou menos), o "olhe-se pra você no espelho" me fez gargalhar por uns 4 minutos......

Quando eu menciono aqui no blog que esse bando de idiotas que se dizem "especialista em marketing-de-alguma-coisa" não passam de uma corja de aproveitadores, me refiro exatamente a este tipo de situação.....
O cara coloca um vídeo no YouTube (que já foi visto mais de 8.500 vezes) para supostamente ensinar a fazer "marketing pessoal" - e em menos de 30 segundos solta uma pérola desse tipo......

O resto do vídeo também é engraçado, porque patético.

O pior é que tem gente que acredita que isso exista, e compra livrinho (do tipo "Monge e executivo") para "aprender a fazer o seu marketing pessoal" !!!!!!!!!!!!

Como pode ????????????



Este vídeo do Max Gehringer trata de pontos que eu já comentei aqui, há bastante tempo.
Volto a perguntar: é "marketing pessoal" ou um conjunto de obviedades com uma roupagem "bonitinha" - conquanto ordinária ?

7 de junho de 2008

PEGADA ECOLÓGICA

Certamente vai parecer que eu tenho uma neurose, pessoal e permanente, com a questão do meio-ambiente....
Então, já começo registrando que xiitas e analfabetos funcionais que insistem em distorcer o que eu escrevo terão mais uma oportunidade. Contudo, preciso registrar que não sou, absolutamente, favorável à destruição de florestas e afins. Muito pelo contrário.

Todavia, sou, isto sim, radicalmente contrário às baboseiras que os xiitas (e mal-intencionados e ignóbeis em geral) costumam espalhar sobre "sustentabilidade". E, convenhamos, como este tema virou modismo, o que não falta é gente escrevendo sobre "sustentabilidade", muitas vezes, aliás, escrevendo besteiras ou então coisas completamente inúteis..... (de curiosidade, ver aqui e aqui). Outras vezes, busca-se apenas uma forma de chamar a atenção, e ganhar seus 15 segundos de fama (é que atualmente, a coisa anda tão volúvel, que 15 minutos podem ser considerados uma eternidade!!!).

Uma pesquisa encomendada pelo WWF-Brasil ao Ibope, divulgada no último dia 05/06 (aqui), mostra o que eu venho escrevendo aqui há tempos: o consumidor, efetivamente, não está nem aí para as tais práticas "sustentáveis" que muitas empresas, mentirosamente, alardeiam ter.

A pesquisa é muito clara: os hábitos básicos das famílias (leia-se "consumidores") brasileiras provam que empresas que investem milhões em propagandas (muitas vezes enganosas) que tentam ligar sua marca à preservação da natureza estão torrando dinheiro. Uma verdadeira queimada - muitas vezes de proporções amazônicas.

Para acessar diretamente o arquivo com a íntegra da pesquisa, basta clicar aqui.

A matéria da Folha de São Paulo que citou o estudo (aqui, para assinantes) é bastante clara:

De acordo com a pesquisa, a elite brasileira tem hábitos insustentáveis ambientalmente e exercem uma má influência ao servir como modelo de aspiração de consumo para as classes emergentes. "Afinal, todos querem ter e consumir como as classes A e B", afirma Irineu Tamaio, coordenador do programa Educação para Sociedades Sustentáveis do WWF.
Intitulado "Tendências e Hábitos do Consumo dos Brasileiros", o trabalho, realizado em parceria com o Ibope, tem o objetivo de despertar a sociedade e fazê-la pensar em mudanças nos hábitos e padrões de consumo, afirma o WWF.

Rapidamente, quero apenas registrar que a terminologia "elite", como é empregada nesta matéria, me parece um tanto quanto preconceituosa.

Mas, deixando este detalhe semântico de lado, digamos que as classes A e B sejam, então, a "elite".
A pesquisa mostra que estes segmentos de consumidores NÃO ESTÃO NEM AÍ PARA A TAL SUSTENTABILIDADE.
Provavelmente, nem sabem o que significa - mas tudo bem, porque nem os "especialistas em sustentabilidade" sabem.

Então, vamos parar com este modismo imbecilizante, esse discurso vazio, essa retórica burra.
Voltemos a identificar aquilo que o consumidor quer, ao invés de inventar.

Paremos de desperdiçar recursos (financeiros, energéticos e outros tantos) em propagandas que alardeiam a "sustentabilidade".

O público-alvo não está nem aí para ela !

6 de junho de 2008

Empurrando o cliente

Enquanto muitas empresas falam que buscam "encantar" os clientes, vejo que outras tantas (a maioria, talvez?) não fazem outra coisa senão "empurrar" o cliente.

Mais ou menos assim:

4 de junho de 2008

Quebrando paradigmas

Creio que a expressão que mais freqüentemente é usada pelo "gurus" da Administração seja "quebrar paradigmas".
Trata-se de uma expressão incrivelmente cretina, que acabou marcando época: todo mundo pode usar a expressão em alguma frase, que não terá sentido efetivo algum - mas é ótima para enganar deslumbrados que amam expressões vazias, inúteis.

Estava lendo um "resumo" que a HSM preparou da palestra de uma "especialista" em sustentabilidade, apresentada no "Fórum Mundial de Vendas & Marketing 2008", realizado ontem (03/06).

Vamos ao trecho da "palestra":
Para Christina, a análise do ser humano do século XXI dá uma idéia de como as mudanças são necessárias no marketing. Não há mais o encanto com o que é cientificamente comprovado; há um questionamento maior sobre autoridades e poder; há uma necessidade de espiritualização para que o ser humano se reencontre com si próprio e com a natureza; e há um caminho para a real democratização, já que os problemas hoje são globais e não só locais, o que gera uma mudança de paradigma e a necessidade de que se reconstrua a realidade.
[...]
Citando a sustentabilidade como o maior desafio atual no mundo corporativo, Christina concluiu sua palestra atentando para a necessidade de cada um colocar-se em contato consigo e com o mundo a sua volta para resgatar o processo de relacionamento entre homem e natureza, que está desfigurado. "É preciso que seja uma relação de sujeito-sujeito e não de sujeito-objeto, como bem definiu Homero Santos, uma das maiores referências nacionais em sustentabilidade", finalizou a palestrante.

Transcrevi apenas 2 dos trechos mais hilários, porque completamente vazios - a despeito de um palavreado bonito, capaz de impressionar os desavisados e fãs de modismos cretinos. O texto na íntegra está aqui.

Esse amontoado de bobagens me fez lembrar de um e-mail que recebi, há algum tempo, tratando da mania (irritante e incrivelmente burra) de muita gente do "mundo corporativo" em usar termos ridículos, e achar que está "abafando" nas reuniões; eis o conteúdo do e-mail:

PARTE I - INTRODUÇÃO

Driblando o sono em reuniões onde sua presença não serve pra nada e você não vê a hora do coffee break chegar para avançar nas migalhas de biscoitos e café ....

Você dorme durante as reuniões de trabalho?
Sente um tédio imenso durante as conferências, seminários e colóquios?

Seus problemas acabaram!!! Foi criado um método eficaz para combater esse problema!

BUSINESS BINGO !!!!!

Imprima o quadro abaixo antes de começar a reunião, seminário, conferência, etc.
Sempre que ouvir a palavra ou expressão contida numa das casas, marque a mesma com um (X).
Quando completar uma linha, coluna ou diagonal, grite "BINGO"!


Sinergia

Mentalidade

Agregar

Mercado

E-mail

Follow up

Clientes

Benefício

Parceiros

Estratégia

Sistema

Rendimento

Pró-ativo

Business

Custos

Otimização

Foco

Efetivamente

A nível de

Recursos

Resultados

Paradigma

Projeto

Implementação

Integrar

Testemunho de jogadores satisfeitos:
"A reunião só tinha começado há 5 minutos quando ganhei!";
"A minha capacidade para escutar aumentou muito desde comecei a jogar o Business Bingo";
"A atmosfera da última reunião foi muito tensa porque 14 pessoas estavam à espera de preencher a 5ª casa";
"O diretor geral ficou surpreso ao ouvir oito pessoas gritando "BINGO", pela 3ª vez em uma hora";
"Agora, vou a todas as reuniões da minha organização, mesmo que não me convoquem".


PARTE II - O GOLPE DE MESTRE

Como impressionar nas reuniões que requerem sua participação ativa, porém ninguém vai prestar mesmo muita atenção no que você vai falar.

COMO FALAR MUITO SEM DIZER NADA

A tabela abaixo permite a composição de 10.827 sentenças: basta combinar, em seqüência, uma frase da primeira coluna, com uma da segunda, da terceira e da quarta (seguindo a mesma linha ou "pulando" de uma linha para outra - mas respeitando: uma frase de cada coluna).
O resultado sempre será uma sentença correta, mas sem nenhum conteúdo
.

Experimente na próxima reunião e impressione o seu chefe!!!

EMBROMATION

Coluna 1

Coluna 2

Coluna 3

Coluna 4

Caros colegas,

a execução deste projeto

nos obriga à análise

das nossas opções de desenvolvimento futuro.

Por outro lado,

a complexidade dos estudos efetuados

cumpre um papel essencial na formulação

das nossas metas financeiras e administrativas.

Não podemos esquecer que

a atual estrutura de organização

auxilia a preparação e a estruturação

das atitudes e das atribuições da diretoria.

Do mesmo modo,

o novo modelo estrutural aqui preconizado

contribui para a correta determinação

das novas proposições.

A prática mostra que

o desenvolvimento de formas distintas de atuação

assume importantes posições na definição

das opções básicas para o sucesso do programa.

Nunca é demais insistir que

a constante divulgação das informações

facilita a definição

do nosso sistema de formação de quadros.

A experiência mostra que

a consolidação das estruturas

prejudica a percepção da importância

das condições apropriadas para os negócios.

É fundamental ressaltar que

a análise dos diversos resultados

oferece uma boa oportunidade de verificação

dos índices pretendidos.

O incentivo ao avanço tecnológico, assim como

o início do programa de formação de atitudes

acarreta um processo de reformulação

das formas de ação.

Assim mesmo,

a expansão de nossa atividade

exige precisão e definição

dos conceitos de participação geral

Suas reuniões jamais serão as mesmas. Sua participação, seu envolvimento, sua atenção... Tudo será diferente!!! Experimente!!