9 de outubro de 2007

Tantas notícias.....e mais bancos !

A leitura dos jornais deste final de semana, e de ontem, segunda, foi um prato cheio para comentários no Blog.... tantas notícias interessantes !
Mas como estive escrevendo sobre os bancos, vamos a mais um pouco. Os outros assuntos vão entrando em "fila de espera".

A Folha de São Paulo, na edição de Segunda (08/10) dedicou diversas páginas do caderno "Dinheiro" à compra do ABN-Amro pelo consórcio formado pelo RBS, Fortis e Santander. Já escrevi, anteriormente, que detestei esta "situação". Porém, como cliente do Real, só me resta aguardar......

De qualquer maneira, para os objetivos do Blog - ou seja, discutir sobre Marketing - , tenho um prato cheio....

O primeiro aspecto diz respeito à concentração do setor. A Folha de São Paulo informa, aqui, que O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) julgará na quarta-feira a aquisição do banco holandês ABN Amro pelo consórcio formado pelo banco britânico RBS (Royal Bank of Scotland), o espanhol Santander e o belga-holandês Fortis. Na segunda-feira, o consórcio anunciou a obtenção de 86% das ações do ABN por 71 bilhões de euros (aproximadamente R$ 181 bilhões) -- o maior negócio da história da indústria bancária no mundo.
A operação havia sido apresentada previamente aos órgãos de defesa da concorrência no Brasil. O conselho analisará se a compra prejudica o mercado brasileiro. A Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico), do Ministério da Fazenda, e a SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça, recomendaram a aprovação do negócio. A compra ainda será submetida às autoridades concorrenciais do México, Rússia, Suíça, Taiwan e Japão e já foi aprovada nos Estados Unidos, Canadá, Turquia e pela União Européia.
Portanto, em termos de concentração de mercado, as autoridades ainda deverão analisar a situação. É preciso destacar que o setor bancário, no Brasil, vem passando por mudanças - mas elas não têm se mostrado, nem de longe, capazes de abalar seus resultados financeiros - muito pelo contrário.
Os bancos brasileiros jamais ganharam tanto dinheiro como agora.
Desde a queda (e estabilização) da inflação, iniciada pelo Plano Real (1994), os bancos passaram a deixar de ganhar muito dinheiro com as taxas astronômicas pagas por operações de overnight, e empréstimos ao governo - estes, por outro lado, continuam, mas num ritomo mais próximo do "normal", ou seja, sem o peso das taxas de mais de 10% ao dia de correção monetária.
Porém, a concessão de crédito ainda é um negócio "novo" para os bancos brasileiros. Retomo um texto da Folha de São Paulo de ontem (restrita para assinantes, na íntegra, aqui): Com os juros altos, os bancos ganhavam dinheiro fácil com títulos da dívida do governo. Na transição de um modelo para outro, os bancos descobriram na cobrança de tarifas outra importante fonte de receita -faturaram R$ 23,286 bilhões no primeiro semestre, mais do que os gastos com a folha de pagamentos, segundo a consultoria Austin Rating. Os ganhos chamam tanta atenção que o governo tenta limitá-los, além de buscar instrumentos que facilitem a vida do cliente na hora de trocar de banco. O Brasil é visto como uma das últimas fronteiras pouco exploradas do crédito, que mantém-se em níveis insignificantes diante do peso da economia -33,1% do PIB, enquanto a média dos emergentes fica em 60% e nos países ricos passa de 100%, segundo a Merrill Lynch. "Empréstimo ainda não é um grande negócio no Brasil. Os bancos estão ganhando dinheiro com serviços. Para crescer, os bancos brasileiros de porte vão ter de se internacionalizar, assim como aconteceu com a Odebrecht, a Camargo Corrêa e a Gerdau. O Santander era um Bradesco 30 anos atrás. E olha só agora", disse Carlos Daniel Coradi, da EFC Consultores.

Pois então.....Até o momento, os bancos brasileiros optaram por ganhar dinheiro (fácil) com as malditas tarifas, sem NENHUMA contrapartida, ou seja, sem benefícios para o cliente. Cobrar escorchantes R$ 14,00 por um simples DOC é roubo descarado - o custo desta transação, para o banco, é quase nulo. Ainda mais porque há cada vez menos funcionários nos bancos.
Em que pese, obviamente, o montante investido em tecnologia (inclusive para tornar as operações via internet mais seguras), é impossível justificar este custo abissal de DOC, TED, extratos e todos os demais serviços.
Lembro-me de quando apenas serviços "raros", como cheque administrativo, eram cobrados......
Ainda assim, havia, por parte do cliente (ao menos deste cliente que aqui escreve), a percepção de que a cobrança era justa, haja vista que era uma solicitação "pouco usual", algo que o banco realmente não era "obrigado" a me fornecer.
Contudo, até por causa da modernização/informatização do banco, eu, como cliente, sempre dei poucos gastos ao banco, pois pouco recorria aos serviços das agências - estes, de longe, os mais caros, devido a custos trabalhistas, impostos, despesas de água, luz, telefone, seguros, vigias, estacionamento etc.
Porém, os estacionamentos foram todos terceirizados.
O sistema de segurança (física) nas agências é patético (aqueles funcionários, terceirizados, sem preparo, vestidos de "guardas", com o maldito controle remoto das infernais portas giratórias que servem apenas para constranger o cliente e permitir aos assaltantes entrar sem nenhuma dificuldade), para dizer o mínimo.
Assim, eu pensava, como cliente/consumidor, que ao reduzir o uso das agências e recorrer muito mais aos serviços via web, eu estaria inclusive contribuindo para que os bancos baixassem suas despesas/custos. Porém, os bancos resolveram ligar o foda-se para minhas contribuições, e cobram tarifa de manutenção de conta-corrente, tarifas para DOC, tarifas para cheque, tarifas para cartão de débito+crédito......... cobram até o maldito ar que o cliente respira dentro das agências LOTADAS, com poucos funcionários - e, portanto, atendimento demorado, ineficiente.

As receitas dos bancos aumentaram muito - e a qualidade dos serviços prestados foi INVERSAMENTE PROPORCIONAL. Despencaram.
Vão alegar, aqueles de má-fé, que os bancos estão prestando um serviço e, por isto, cobrando.
Mais ou menos............

O vídeo abaixo é bastante "auspicioso":


Não bastavam os ganhos auferidos com o maldito "spread" ?!
Os bancos usam o dinheiro do cliente, cobram por isso, e ainda enfiam a faca no cheque especial ?!
Pois é................

E o consumidor ?!
Engole as tarifas..........


Isso continuará assim, enquanto o consumidor não fizer valer seus direitos.
Dos bancos, e dos responsáveis por isso (Banco Central, Conselho Monetário Nacional, deputados, senadores, presidente, governadores etc).

0 comentários: