31 de agosto de 2008

Propagandas criativas e bem humoradas - de motel









30 de agosto de 2008

IRresponsabilidade social

Vou apenas transcrever 2 singelos trechos de textos disponíveis na internet.

Primeiro:

A Responsabilidade Social é um dos pilares de atuação da Companhia, junto com crescimento integrado e rentabilidade. Dentro do Plano Estratégico 2020 e seus atributos de Visão, traçou-se desafios de gestão específicos em Responsabilidade Social.

Em sua Política de Responsabilidade Social, a Companhia passou a reunir diretrizes específicas nas áreas de gestão integrada, desenvolvimento sustentável, direitos humanos, diversidade, trabalho decente, investimento social sustentável e compromisso da força de trabalho. Antes, as diretrizes de responsabilidade social estavam descentralizadas nas diferentes políticas corporativas.

Reconhecida pela sua marca de excelência na produção de petróleo, gás e derivados, a Petrobras divulga sua Política de Responsabilidade Social visando atingir o desafio de ser referência internacional em responsabilidade social na gestão dos negócios, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.
Fonte: aqui.
Segundo:
Comboio composto por policiais federais e auditores do Ministério do Trabalho localizou ao menos 40 trabalhadores em condições precárias numa área de 44 hectares pertencente à Petrobrás no interior do Paraná. A empresa fez um acordo com antigos proprietários para o desmate do terreno, que será utilizado para exploração de xisto. Apesar disso, a Petrobras foi notificada por trabalho escravo.

O grupo estava sem botas, luvas, e, principalmente, sem carteira assinada. A irregularidade não poupa nem menores, pois até um menino de 16 anos foi encontrado. Ele tinha calos nas mãos. Para os trabalhadores, a jornada termina em barracos de lona, carroças, casebres abandonados e até num antigo galinheiro, onde se acomoda um casal.

Funcionários da Petrobras estiveram no local, mas não quiseram gravar entrevista. "A gente não tem a informação do que está acontecendo e não tem como dizer", afirmou um deles.

Denúncias como esta são mais comuns em regiões isoladas do Centro-Oeste e Norte do Brasil. Mas já há casos no Sul. Foi por isso que o Ministério do Trabalho criou um grupo especial móvel só para atender a essa região do país. As ações se concentram no Paraná, que lidera o número de trabalhadores resgatados: em julho, 228 cortadores de cana foram libertados numa usina em Porecatu. Eles eram transportados junto com veneno agrícola, trabalhavam sem equipamentos de segurança, e não tinham água nem banheiro.

"Nós esperamos que, ao encontrar essas condições, elas desapareçam numa velocidade muito maior do que nós temos conseguido na região norte", disse o coordenador da fiscalização Benedito de Silva Filho.
Fonte: aqui.
Acho que nem preciso comentar, não é ?!
A discrepância é tão grande........

O título do post poderia ser "Teoria versus prática".
E depois vem alguém falando em "marketing social" ou qualquer coisa equivalente......

29 de agosto de 2008

Comunicação e Publicidade na internet

A matéria abaixo foi publicada no portal InfoMoney (na íntegra aqui), e reproduzo alguns trechos com grifos meus:

O presidente do Google Brasil, Alexandre Hohagen, deu uma palestra durante o Fórum Internacional ABA Branding 2008, nesta quarta-feira (27/08), em São Paulo. Na ocasião, ele ressaltou a evolução tecnológica protagonizada pela população mundial, enfatizando que o Brasil não fica para trás, e pediu aos profissionais de marketing presentes que apostassem mais nos anúncios em internet.

Em 1998, existiam 2,5 milhões de internautas no mundo e haviam sido enviados 6 bilhões de e-mails. Em 2008, o número de internautas subiu para 59 milhões, segundo institutos de pesquisas, e são enviados 11,8 bilhões de e-mails por dia. Somente os assinantes de internet banda larga já somam 8,5 milhões. "E o Brasil é o quarto país que mais vende computadores no mundo", lembrou.

"Apesar de todo esse crescimento, o percentual de investimento publicitário na internet é de 3,2%", lamentou. "O marketing está mudando. Não dá mais para pensar somente nas mídias tradicionais".

Segundo o presidente do Google Brasil, antes, a mensagem era transmitida via audiência de massa, o consumo era passivo, a métrica era share of voice, existiam os altos custos de criação e o processo era rígido, isto é, um comercial não poderia, de forma alguma, ter mais do que 15 segundos, por exemplo.

Veja como funciona hoje:

* As pessoas passam cada vez mais tempo na internet, logo a mensagem passou a ser personalizada;
* O consumo se tornou interativo;
* Existe um baixo custo de criação, pois as campanhas na internet saem muito mais em conta do que as grandes campanhas na TV;
* As métricas são ROI, CPA, que focam no retorno sobre o investimento, embora o share of voice continue a ser usado por determinadas empresas;
* O processo é altamente ajustável.
O conceito de marketing de massa, tal como a produção em série, tem no rol de seus objetivos alcançar o maior mercado ao menor custo possível, além de preconizar a idéia de existir um só modelo para todos, a exemplo de Henry Ford — que afirmava que o cliente poderia escolher qualquer cor do modelo “Ford T”, desde que fosse preta.
Em sumo, quando os produtos eram feitos em larga escala, o marketing era movido e limitado por este princípio.

Entretanto, a ascensão da concorrência redirecionou o foco das oportunidades comerciais. O foco se movimentou da economia de escala para a economia de escopo-alcance, ou seja, ao invés de fabricar um produto para um mercado enorme, cada empresa se viu forçada a confeccionar produtos diferenciados para mercados diferenciados. A expressão “[...] personalização em massa [...]”, atribuída a Stanley Davis, encerra uma aparente contradição mas é considerada perfeita tendo em vista as atuais tendências, uma vez que as novas tecnologias tornam possível a personalização de produtos, em grandes quantidades para mercados diferenciados.

No caso da comunicação, o mesmo princípio permanece.

O Google que o diga.

26 de agosto de 2008

As pequenas empresas e as mudanças do ambiente de marketing

Graças à Lei Seca, tem havido uma série de mudanças para diversos tipos de negócios.
Seguradoras de carros passaram a oferecer serviços adicionais para transportar seus segurados de volta para suas casas, no caso de terem excedido o limite de álcool permitido na corrente sangüínea; bares e restaurantes mais "sofisticados" vêem tentando oferecer serviços de "entrega" - o delivery do próprio cliente.

São oportunidades de agregar valor ao serviço oferecido aos clientes.

Porém, no geral, o setor de bares foi o mais afetado - negativamente, uma vez que a freqüência caiu, assim como o consumo. E este setor é de grande importância na Economia:

Brasil tem 1 milhão de bares e restaurantes, que empregam 6 milhões
Por: Karin Sato - 22/08/08 - InfoMoney
"Este é o único setor presente em todos os municípios brasileiros", afirmou o presidente da Abrasel Nacional (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci Jr, durante a abertura do 20º Congresso da Abrasel, na última quarta-feira (20). Segundo ele, o País abriga hoje um milhão de bares e restaurantes, responsáveis pela geração de 6 milhões de empregos. Ele aproveitou a ocasião para lembrar das preocupações do setor com relação à Lei Seca, que proibiu o consumo de álcool por condutores de veículos em todo o território nacional. Solmucci falou ainda sobre a alimentação fora do lar e sua importância na economia nacional. "Um quarto de tudo que se consome em nosso setor diz respeito à alimentação fora de casa", garantiu, conforme publicou a Agência Sebrae.
Num primeiro momento, a Lei Seca causou mudanças significativas no comportamento do consumidor.
As pequenas empresas (especialmente microempresas) são maioria absoluta neste setor - e são as que mais acabam sofrendo com esta mudança no comportamento do consumidor, pois têm, via de regra, grande dependência de um número reduzido de produtos, sendo a cerveja uma das vedetes do portfólio.

Estas pequenas empresas, segundo "reza a lenda", costumam estar pouco preparadas para lidar com mudanças como esta gerada pela Lei Seca (comportamento do consumidor), sem falar das questões ligadas à tecnologia:
No mundo dos pequenos e médios negócios, as atenções estão voltadas a uma só preocupação: o atual crescimento econômico e o cenário para as empresas. Particularmente, isso é mais acentuado na América do Norte, do Sul e Europa Ocidental.
Mas, com tanta preocupação quanto à situação presente, não sobra espaço para a implantação de novas tecnologias, que podem ampliar a vantagem competitiva das empresas.

A constatação é da consultoria IDC, que, em um estudo, avaliou o nível de interesse e preocupação das PMEs com relação a cinco áreas diferentes: crescimento econômico futuro e condições de negócios, tecnologia verde, softwares como serviços, virtualização e uso da internet como uma fonte de negócios.

Embora tenham sido constatadas diferenças regionais, pequenas e médias empresas, no geral, se preocupam pouco com tecnologias novas e emergentes, mas dedicam muita atenção à discussão em torno das questões econômicas.

O estudo constatou ainda que há muitos fatores que podem levar a um aumento do nível de preocupação e interesse quanto à tecnologia e à economia futura. Por exemplo, entre as quatro ferramentas tecnológicas analisadas na pesquisa, a internet aparece como um elemento-chave, com potencial de se destacar cada vez mais, futuramente.

Além disso, a IDC espera crescimento da virtualização e dos serviços de software nos próximos 12 meses ou dois anos, na mesma medida em que as promoções de vendas ampliem suas forças.
Mas será que as pequenas empresas são realmente tão "despreparadas" para este tipo de questões ?
Quero começar a tratar deste tipo de "lenda" por aqui.

Outros posts virão sobre o tema.

24 de agosto de 2008

O comportamento diante da oportunidade

Mais um exemplo de como o consumidor no geral - e o brasileiro em particular - não dá a mínima para esse modismo burro de "sustentabilidade":

Às vezes a gente se enche de ânimo e decide ser um cidadão assim ... digamos, consciente. Há pelo menos três dias, tenho observado em frente ao prédio onde moro uma pequena cachoeira de água descendo entre o meio-fio (aqui em São Paulo chamam de "guia") e o asfalto da rua. Saio e entro no prédio e lá está o filetão de água, aparentemente limpa, descendo morro abaixo.
Não é a primeira vez que isso acontece e o meu impulso é sempre o mesmo: vou ligar para a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). O que acabo fazendo? Nada.
Desta vez, impulsionada por uma neurose crescente em relação à escassez de água, venci a inércia e liguei para o 0800 da empresa. Confesso que estava me achando a rainha da cocada e pensei: com apenas uma ligação vou ajudar a Sabesp a resolver essa porcaria de vazamento. Não foi assim tão fácil.

Depois de discar esse e aquele número e finalmente chegar numa atendente, escuto mais ou menos o seguinte: "A senhora precisa nos informar o local exato do vazamento, caso contrário, não podemos fazer nada". Não entendi e argumentei: "Você está dizendo que EU devo sair pela rua seguindo o filete de água para descobrir onde diabos está o vazamento?"
Ela respondeu: "Sim. A Sabesp agradece a sua ajuda, mas só podemos mandar um técnico até aí se a senhora nos informar o lugar exato do vazamento".
Fiquei brava e perdi um pouco a linha: "Eu não sei de onde está vindo o vazamento, mas achei que bastaria informá-los de que há uma cachoeira passando em frente ao meu prédio há três dias e blá blá blá".

Bem, entendi que não bastava e desliguei o telefone.
Agora há pouco, vi que a água continuava a correr e comecei a elocubrar: "De repente você tem de ir mesmo atrás da origem do vazamento. Essa cidade é um mundo e vai ver os caras recebem trotes todos os dias de gente reclamando de vazamento. Deve existir uma razão plausível pra eles agirem assim. Quer ajudar? Ajuda direito. Mexa o seu popozão Ana Luiza!".

Decidi então seguir a água e, bingo, achei facinho a origem do vazamento sem andar nem mesmo um quarteirão. Imaginei então o que a atendente da Sabesp diria: "Viu moça, precisava dar piti?"

Por outro lado, também pensei: "Ora bolas, se o técnico tivesse vindo até o meu prédio teria tido a mesma facilidade. E se eu fosse uma senhora de 80 anos? E se o vazamento estivesse localizado cinco quarteirões acima?".

Bem, parei de divagar, liguei para a Sabesp de novo e informei o local certinho do bendito vazamento. A moça pediu que eu anotasse o protocolo do atendimento e disse que, no prazo máximo de 24 horas, tomariam as providências.

Este texto foi publicado no blog de "sustentabilidade" da Exame (aqui) em 28/07/2008.
E autora acabou ligando para a Sabesp.
Ok.

Mas, se os consumidores estão TÃO preocupados com a sustentabilidade como tantos meios de comunicação (como a própria Exame) querem nos fazer acreditar, por que ninguém fez a ligação para a Sabesp antes da repórter da Exame ?????

Convenhamos: não sei aonde a repórter mora, mas ela indica ser num prédio - portanto, deveria haver pelo menos duas dúzias de vizinhos que poderiam ter feito a mesma coisa.
Não fizeram.

Por quê ?
Afinal, não faltam afirmativas categóricas de que o consumidor está valorizando a sustentabilidade, não está ?

Cadê a comprovação disso na prática ???????

23 de agosto de 2008

Cartel de telecomunicações

Já tratei disso inúmeras vezes por aqui - mas a notícia é fresca:

A Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, abriu ontem processo administrativo para investigar as empresas de telefonia celular - TIM, Vivo, Claro e Oi - por práticas anticompetitivas. As quatro empresas, que detêm juntas mais de 95% dos usuários de celular no País, são suspeitas de fixar elevadas tarifas de interconexão da rede móvel (conhecido tecnicamente como VU-M) cobradas das concorrentes - operadoras de telefonia fixa - pelo uso de suas redes, ao mesmo tempo em que cobram tarifas mais baixas de outros clientes.

A decisão deve ser publicada hoje no Diário Oficial da União (D.O.U.) e as empresas terão 30 dias para se manifestar, a contar da notificação. A interconexão possibilita aos usuários das diferentes operadoras de telefonia fixa ou móvel realizarem e receberem ligações e é considerada fundamental para que haja uma efetiva competição entre as diversas empresas de telefonia. Para cederem suas respectivas redes, as operadoras podem cobrar uma tarifa de uso.

A diretora do Departamento de Proteção e Defesa Econômica (DPDE), Ana Paula Martinez, disse ontem que a legislação prevê liberdade tarifária. No entanto, como a cessão de uso das redes é essencial para viabilizar concorrência, os valores excessivos cobrados pelas donas das redes podem significar criação de obstáculos e dificuldades aos competidores. "Isso provoca um estrangulamento econômico dos concorrentes", afirmou a diretora, acrescentando que o objetivo da investigação não é fixar valores e nem julgar se as tarifas atuais são excessivas, mas determinar se o VU-M cobrado possibilita ou não a exclusão de concorrentes do setor de telecomunicações, colocando em risco a livre competição no País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O setor de telefonia, no Brasil, está um horror.
O cliente sofre, e ninguém faz nada. A concorrência é uma piadas - geralmente, inexiste.

Ontem mesmo fiquei sem sinal do Speedy. Liguei para a Telefonica.
Sempre que ligo para a Telefonica acabo com alguma seqüela: dor de cabeça, azia, má-digestão, olheiras etc....
Desta vez, não foi diferente.

Expliquei toda a situação para a primeira atendente (que tinha a dicção de um urso panda recém-nascido).
Ela transferiu para o segundo atendente (que tinha o mesmo padrão de dicção, coisa que deveria ser BANIDA das empresas de telemarketing: não consegue ler o seu script com um mínimo de clareza, procure outro emprego!), a quem expliquei tudo de novo.

Testes pra lá, testes pra cá, o rapaz concluiu que o problema era externo, ou seja, em algum ponto entre a central da telefônica e a minha casa.
Pediu que eu aguardasse o serviço que seria realizado na rede da Telefonica e, caso a situação não se regularizasse até o dia seguinte, disse que eu deveria ligar novamente pedindo o reparo.
Aguardei.
O serviço, CLARO, não normalizou-se.

Liguei novamente.
Dois atendentes depois, o rapaz (nick: Laerte) resolveu o problema.
Ou seja: eu não precisava ter aguardado serviço algum - bastava um pouco mais de esforço, competência ou conhecimento no primeiro dia, e o sinal poderia ter sido restabelecido prontamente.

Coisas do monopólio ou da concorrência cartelizada......

Mudanças no setor de propaganda

A matéria é antiga (26/03/08), mas eu havia separado para comentar devido a ser MUITO interessante, e revelar mudanças nas práticas de mercado devido, inclusive, ao novo comportamento do consumidor e novas mídias.
O tempo acabou passando sem que eu tivesse tido chance de publicar - mas agora vai:

Nas três vezes em que foi realizado, desde 1957, o Congresso Brasileiro de Publicidade marcou viradas importantes do setor. No primeiro, foram criadas as bases da legislação que regulamenta a propaganda brasileira. Do último, que aconteceu 30 anos atrás, nasceu o Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária).

Organizados pela Abap (Associação Brasileira de Agências de Propaganda), os publicitários convocaram ontem todo o setor de comunicação para o 4º Congresso Brasileiro de Propaganda, que acontecerá em julho, em São Paulo. Espera-se, nessa edição, a constituição de mais um marco: o das regras que fundamentarão o modelo de negócios da área para os próximos anos.

"Não existe capitalismo sem regras nem proteção", disse Nizan Guanaes, presidente do grupo ABC, que coordenará uma das comissões do evento. "Não queremos privilégios, mas direitos claros como os do agricultor francês ou da siderurgia nacional. Somos um setor importante da economia e queremos ser tratados como empresários, não apenas como criativos."
Isso porque a matemática do setor, hoje, não fecha. Até poucos anos atrás, o lucro das agências vinha do chamado bônus por veiculação. A prática consiste em concentrar a veiculação do maior número possível de anúncios em determinada rede de TV, rádio, revista ou jornal. Em troca da fidelidade, o meio de comunicação devolve à agência parte da quantia paga.
Com o surgimento de novas mídias, como marketing direto, promocional, de ponto-de-venda e internet, por exemplo, a verba foi pulverizada e o bônus, reduzido drasticamente. As agências partiram para competições agressivas, e os percentuais cobrados sobre as verbas publicitárias despencaram.

"Só que agora os publicitários estão unidos", disse Sérgio Amado, presidente da Ogilvy Brasil. "Agências grandes, pequenas, nacionais e múltis perceberam que não podemos passar pela situação de outros países, onde o setor foi esvaziado."

Em lugares como Espanha, Argentina e México, o modelo de birô de comunicação, no qual a compra de espaço publicitário não passa pelas agências, resultou no encolhimento do mercado. "O efeito foi de terra arrasada, tanto que há empresas de outros países vindo contratar a criatividade brasileira", disse Amado.

Por aqui, as agências começam a testar novos modelos de remuneração, como bônus por sucesso das campanhas, usado pela Ogilvy. Guanaes, por sua vez, planeja ser remunerado com ações dos clientes em troca de seus serviços.

Atrações
É para discutir esse tipo de alternativa, entre outros assuntos, que 25 entidades participarão do congresso. Uma das atrações do evento será o ex-presidente da ONU (Organização das Nações Unidas) e prêmio Nobel da Paz Kofi Annan, que falará sobre liberdade.

Outra será a divulgação de dados oficiais do setor, medidos pela primeira vez pelo IBGE. Baseados em números apresentados pelas próprias agências, as estatísticas do setor existentes até então não são um reflexo fiel do mercado. Isso porque dados como os descontos de bônus por veiculação ou mesmo as novas mídias não entravam na contabilidade.
"Sempre tivemos dificuldades em ter números reais do mercado", disse Dalton Pastore, presidente da Abap. "Esse primeiro levantamento feito pelo IBGE foi o mais difícil, mas daqui para a frente teremos dados precisos do setor."

Alguns números prévios divulgados mostraram que o mercado é bem maior do que alguns imaginavam. O IBGE analisou dados de 2004 e 2005, que mostraram que havia mais de 23 mil agências de propaganda e serviços especializados e 200 mil alunos de comunicação no país. "Achávamos que havia 4.000 agências e 150 mil alunos", disse Pastore.

Interessante notar que o setor de propaganda, no Brasil, sempre foi altamente elogiado, e premiado com títulos internacionalmente relevantes - mas somente agora percebe o quão "desorganizado" é, no sentido de conhecer pouco a si mesmo.

Tal conjunto de ações retratado na matéria (da Folha de São Paulo) é um indicativo de que esta situação deverá mudar em breve.

Quando as coisas simplesmente funcionam

O comercial é genial:

22 de agosto de 2008

O jabá da sustentabilidade - 2

A história do jabá ainda não acabou.......

Já tratei, AQUI, das propagandas da Petrobras suspensas pelo Conar, bem como da incoerência que é atribuir a uma empresa petrolífera o carimbo de "sustentável". Por definição, extração de petróleo NÃO é sustentável em longo prazo.

Bom, o site da Petrobras menciona um tal GRI ("Os critérios para o ranking levaram em conta a adequação a padrões internacionais, como os da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Pacto Global da ONU, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), a presença no Índice Dow Jones de Sustentabilidade e a apresentação do Balanço Social e Ambiental, segundo as orientações do Global Reporting Initiative (GRI).").

Ao "fuçar" no site do tal Global Reporting Initiative (GRI), descubro que a Petrobras é uma das patrocinadoras de algumas de suas publicações !!!!

Conflito de interesses ?! Não, imagina.................

A empresa ganha um prêmio que baseia-se nos critérios definidos por uma organização que recebe dinheiro/patrocínio desta mesma empresa......

Ficou claro ?!
Acho que nem precisa desenhar.......

Diante desta situação, o menino-prodígio certamente diria: "Santa coincidência, Batman!"



Eu diria: santo jabá, Batman !

O jabá da sustentabilidade

Esse assunto "sustentabilidade/responsabilidade social" está me enojando.
Cada vez mais.

Ontem, estive pesquisando na web para localizar alguns materiais para ajudar uma de minhas orientandas (da graduação).
Cliques pra lá, cliques pra cá, localizei um lista de publicações no site da WWF Brasil (neste link).
Baixei algumas das publicações, para ler, e verificar se poderiam servir aos propósitos da monografia da minha aluna.
Lastimavelmente, o que li foi aterrorizador.
Se, por uma lado, indica que a ignorância sobre essa coisa de "sustentabilidade" não é um mal crônico apenas brasileiro, por outro percebe-se que o assunto é tão raso quanto uma poça d´água no Saara, inclusive em âmbito mundial.

Uma das publicações disponíveis (aqui) retrata uma pesquisa feita pela filial inglesa do WWF.
O capítulo 2 desta publicação é um verdadeiro acinte à inteligência do leitor.

No início do capítulo, ao tratar de alguns "mitos" (e tentar demonstrar, na sequência, por que são considerados mitos, ou seja, por quais razões são falsos), a publicação diz algo como "conforme foi demonstrado no capítulo 2, os consumidores valorizam muito a sustentabilidade". Porém, o capítulo 2 mal começara, e não há, ao longo deste capítulo, nenhum indicador que corrobore tal assertiva !
A publicação afirma, na introdução, que se propôs a fazer uma extensa pesquisa bibliográfica para, posteriormente, fazer uma pesquisa empírica. Contudo, a pesquisa bibliográfica não existe, e a empírica não tem sua metodologia explicada.

O que significa dizer: pode-se escrever qualquer bobagem, e concluir que a "pesquisa indicou".
Não indicou nada !!!!

Se não é apresentada a metodologia da tal pesquisa, como é que eu vou saber se a pesquisa indicou ou se o cara que escreveu o texto é que acreditava naquilo, e acabou escrevendo qualquer coisa, atribuindo à pesquisa suas crenças ou visões pessoais ?


Uma outra publicação também disponibilizada no site do WWF (aqui) trata de "Marketing Relacionado a Causas", um conceito carinhosamente apelidado de "MRC".
Nem vou entrar no mérito do conceito em si.

Chamo a atenção para os "casos de sucesso" apresentados na referida publicação.

O relatório é produzido por um tal IDIS (www.idis.org.br), uma OSCIP localizada em Pinheiros, São Paulo.
Pois não é que o tal instituto que divulgou o relatório adotou alguns "casos de sucesso" para ilustrar a belezura que são as práticas do tal "MRC" ?!

Quando a gente lê aquilo, já pensa "puxa, que legal". Ao ler os casos apresentados, tem-se a impressão de que tudo é uma maravilha - o texto é sempre elogioso, enaltece as empresas retratadas. Todas as empresas, pelo que se lê, são formadas por pessoas caridosas, magnânimas, extremamente preocupadas com sustentabilidade, responsabilidade social, blábláblábláblá. Ninguém ali se preocupa em bater metas de vendas - o que, por definição, contribui para a "sociedade consumista" criticada na primeira publicação que citei, do WWF inglês.

Depois, descobre-se, no site do próprio IDIS, que os "casos de sucesso", na verdade, são CLIENTES do tal instituto - ou seja, PAGAM ao instituto por serviços prestados.
Contudo, o arquivo não indica isso - e quem lê o arquivo fica com a impressão de que o tal instituto está prestando um "serviço" à sociedade quando, na verdade, ele está apenas se auto-promovendo.

JABÁ PURO.

REPETINDO: o tal instituto COBRA pela consultoria que oferece (aqui) aos seus clientes; depois, publica "casos de sucesso" que apenas promovem estes clientes - mas o faz de maneira que parece que é um serviço de interesse público, o que deveria nortear, por definição legal, uma OSCIP.

Patético.

Vergonhoso.

17 de agosto de 2008

Diferenciais de negócios

O vídeo abaixo é muito interessante: num ramo de negócios altamente commoditizado, é possível oferecer alguns diferenciais:



Mais um post da série dedicada aos pequenos negócios....

É preciso destacar, inicialmente, a LOCALIZAÇÃO. A escolha do local é particularmente relevante no varejo (exceto, obviamente, no comércio eletrônico, no qual a localização do depósito é mais relevante, para agilizar e baratear a entrega e facilitar a logística), e o proprietário da banca tem uma localização privilegiada: próximo de uma estação do metrô de grande movimento.

Além disso, são citados o bom atendimento (que passa pelo entendimento das necessidades e desejos dos consumidores), crescimento da região (ambiente de marketing), formas de pagamento diferenciadas e o comportamento do consumidor, parceria com fornecedores, serviço de entregas, percepção dos diferentes tipos de clientes que a banca atende, benchmarking...

O que eu mais gostei foi o seguinte: o proprietário percebe tudo isso, e dá atenção a alguns fatores que muitas empresas, cheias de profissionais com MBAs caríssimos, ignoram.

Percebam que há uma oferta diferenciada no período da manhã e no período da tarde/noite. A rotatividade da exposição dos produtos é outro ponto crucial para o varejo... Outra coisa que é genial: a parceria com outros pontos de venda, como lojas de conveniência.

E tudo isso "inventado" por uma pessoa que nitidamente não teve muita educação formal - e que tem prazer naquilo que faz.

Simplesmente genial !!!!!!

16 de agosto de 2008

Novidades

Após um longo período afastado do blog, por razões diversas (trabalho, volta às aulas [ou seja, mais trabalho!], artigos, breve período de descanso e afastamento de computadores etc), retomo com novidades.

Um novo marcador (PME) abrigará alguns temas particularmente relevantes para Pequenas e Médias Empresas.

Quero trazer alguns pontos da minha dissertação, sobre o marketing das pequenas e médias empresas, e ainda aproveitar tais discussões nas aulas. Além disso, como já tenho alguns artigos publicados pela web sobre isso, poderei retomá-los e, em muitos casos, atualizá-los.

15 de agosto de 2008

Propagandas criativas e bem executadas

Mais algumas propagandas EXCELENTES:







5 de agosto de 2008

Oportunidades de negócios oriundas do turismo

Algumas idéias simples de negócios, mas que, ainda assim, podem render bons resultados:



Alguns pontos que eu destaco desse vídeo:

1 - Saber aproveitar as oportunidades: a região oferece possibilidades para serviços ligados ao turismo - e isso o Brasil tem de sobra ! Os empreendedores apresentados na matéria conseguiram aproveitar bem as oportunidades - coisa que muita gente simplesmente não consegue !

2 - Há serviços com custos altos, é verdade; mas há, também, oportunidades para serviços mais simples, com custos fixos baixos. Pode atrair gregos e troianos....

3 - Parcerias: as empresas instaladas nos locais turísticos podem (e devem!) buscar parcerias com empresas de grandes capitais, que acabam servindo como força de vendas: o morador da cidade (geralmente estressado com trânsito, trabalhando muito e com poucas opções de diversão CALMA) busca estas empresas, nas cidades, e elas podem oferecer serviços em locais distantes...... Temos, aí, o estudo do comportamento do consumidor criando oportunidades, desde que se saiba fazer uma boa segmentação, e criar uma OFERTA DE VALOR.

3 de agosto de 2008

Responsabilidade social - algumas leituras

E lá vamos nós........
As leituras do fim de semana (que, aliás, foram coincidência pura, pois andei buscando alguns arquivos específicos, mas no processo de busca na web, acabei "esbarrando" em alguns, que faço questão de comentar) renderam mais 2 contribuições às discussões sobre responsabilidade social - um tema recorrente por aqui.

Vamos por partes, como ensinou o mestre Jack.

Este arquivo AQUI é uma dissertação que chega a algumas conclusões bastante interessantes (com grifos meus, em negrito):

Os resultados, em sua maioria, não foram capazes de rejeitar a hipótese nula do modelo, isto é, de que não há relação estatisticamente significante entre o desempenho social e o desempenho financeiro corporativos.
Entretanto, as regressões que utilizaram indicadores contábeis de desempenho financeiro apresentaram resultados que indicariam, em alguns períodos de análise, a existência de uma relação positiva entre as duas formas de desempenho, corroborando, em parte, com a idéia de que a administração dos stakeholders acarretaria desempenho financeiro superior às empresas.

Porém, a seqüência causal do relacionamento não foi clara, dado que tanto um melhor ou pior desempenho social corporativo foi causa de um melhor ou pior desempenho financeiro, como também o segundo foi causa do primeiro.

Por sua vez, a relação entre os indicadores de mercado do desempenho financeiro das empresas e o indicador de desempenho social corporativo apresentou-se bastante contraditória, o que corrobora com resultados alcançados em pesquisas e trabalhos anteriores sobre o tema.


Finalmente, a variável de controle de Tamanho da Empresa mostrou-se não significante para o modelo, enquanto a variável de controle de Setor de Atuação apresentou resultados bastante diversos.

Dessa forma, os resultados mostraram-se pouco conclusivos, fato explicado pela literatura existente que identifica as limitações conceituais, como a indefinição de conceitos-chave, e empíricas, como a ausência de banco de dados ou deficiências dos existentes, que permeiam a maioria das pesquisas existentes sobre o tema e que se agravam na realidade brasileira.
Esta outra leitura AQUI é uma tese, sobre o mesmo tema. Contudo, ao final da leitura, pode-se perceber o forte viés (que, num trabalho científico, jamais deveria existir) imposto pela autora, ainda que os resultados da pesquisa convirjam para os mesmo da pesquisa supracitada - ou seja: ninguém sabe o que é esse negócio, e ainda não se sabe quais suas implicações gerenciais.

Em suma, enquanto muita gente alardeia a importância da "responsabilidade social" ou mesmo da "sustentabilidade", a verdade é que ninguém sabe do que está falando.

E, para complementar, um texto mais do que interessante, que mostra que o consumidor NÃO dá importância à responsabilidade social propagada pelas empresas, AQUI.

Destaco esse último arquivo, pois muitas empresas, coitadas, têm gastado tufos em propagandas e ações promocionais diversas para tentarem "colar" sua imagem na resposnsabilidade social ou na sustentabilidade.
Em vão.

O título da matéria é direto e objetivo: Responsabilidade social corporativa não é a prioridade dos consumidores.

Alguém precisa alertar Bradesco, Itaú, HSBC, Real e outros bancos, que têm investido milhões, à toa.

Culpada: a miopia de marketing.

1 de agosto de 2008

Mais velhos - mais consumidores

Achei esta matéria, do programa "Pequenas Empresas & Grandes Negócios", genial - ela trata do aumento do contingente de idosos no Brasil (aliás, essa tendência é mundial, e não apenas brasileira), e, de quebra, mostra algumas EXCELENTES sacadas de serviços direcionados a este segmento:



Duas empresas que conseguiram, a partir de uma percepção da necessidade de um segmento específico, desenvolver 2 tipos de serviços extremamente úteis, com demanda crescente - e, de quebra, custos reduzidos.

Exemplos excelentes de compreensão sobre o que é VALOR PERCEBIDO por um segmento, e, a partir da identificação do comportamento de consumo deste segmento, oferecer exatamente o que é necessário para satisfazê-lo..... (isso eu tenho que usar nas aulas, porque achei genial!)