3 de agosto de 2008

Responsabilidade social - algumas leituras

E lá vamos nós........
As leituras do fim de semana (que, aliás, foram coincidência pura, pois andei buscando alguns arquivos específicos, mas no processo de busca na web, acabei "esbarrando" em alguns, que faço questão de comentar) renderam mais 2 contribuições às discussões sobre responsabilidade social - um tema recorrente por aqui.

Vamos por partes, como ensinou o mestre Jack.

Este arquivo AQUI é uma dissertação que chega a algumas conclusões bastante interessantes (com grifos meus, em negrito):

Os resultados, em sua maioria, não foram capazes de rejeitar a hipótese nula do modelo, isto é, de que não há relação estatisticamente significante entre o desempenho social e o desempenho financeiro corporativos.
Entretanto, as regressões que utilizaram indicadores contábeis de desempenho financeiro apresentaram resultados que indicariam, em alguns períodos de análise, a existência de uma relação positiva entre as duas formas de desempenho, corroborando, em parte, com a idéia de que a administração dos stakeholders acarretaria desempenho financeiro superior às empresas.

Porém, a seqüência causal do relacionamento não foi clara, dado que tanto um melhor ou pior desempenho social corporativo foi causa de um melhor ou pior desempenho financeiro, como também o segundo foi causa do primeiro.

Por sua vez, a relação entre os indicadores de mercado do desempenho financeiro das empresas e o indicador de desempenho social corporativo apresentou-se bastante contraditória, o que corrobora com resultados alcançados em pesquisas e trabalhos anteriores sobre o tema.


Finalmente, a variável de controle de Tamanho da Empresa mostrou-se não significante para o modelo, enquanto a variável de controle de Setor de Atuação apresentou resultados bastante diversos.

Dessa forma, os resultados mostraram-se pouco conclusivos, fato explicado pela literatura existente que identifica as limitações conceituais, como a indefinição de conceitos-chave, e empíricas, como a ausência de banco de dados ou deficiências dos existentes, que permeiam a maioria das pesquisas existentes sobre o tema e que se agravam na realidade brasileira.
Esta outra leitura AQUI é uma tese, sobre o mesmo tema. Contudo, ao final da leitura, pode-se perceber o forte viés (que, num trabalho científico, jamais deveria existir) imposto pela autora, ainda que os resultados da pesquisa convirjam para os mesmo da pesquisa supracitada - ou seja: ninguém sabe o que é esse negócio, e ainda não se sabe quais suas implicações gerenciais.

Em suma, enquanto muita gente alardeia a importância da "responsabilidade social" ou mesmo da "sustentabilidade", a verdade é que ninguém sabe do que está falando.

E, para complementar, um texto mais do que interessante, que mostra que o consumidor NÃO dá importância à responsabilidade social propagada pelas empresas, AQUI.

Destaco esse último arquivo, pois muitas empresas, coitadas, têm gastado tufos em propagandas e ações promocionais diversas para tentarem "colar" sua imagem na resposnsabilidade social ou na sustentabilidade.
Em vão.

O título da matéria é direto e objetivo: Responsabilidade social corporativa não é a prioridade dos consumidores.

Alguém precisa alertar Bradesco, Itaú, HSBC, Real e outros bancos, que têm investido milhões, à toa.

Culpada: a miopia de marketing.

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