29 de março de 2008

Uma crônica da Microsoft: o paradoxo de marketing

Estamos no início de 2007.

Jon instalou o Windows Vista em duas máquinas, e descobriu que a impressora e outros produtos não funcionavam; precisou voltar para o Windows XP em um dos PCs para usar os periféricos. Quando Steven ficou sabendo das dificuldades, disse: "Tem acontecido com todo o sistema".

Há ainda o caso de Mike, que comprou um laptop com o adesivo "Compatível com Windows Vista". Sendo assim, acreditou que executaria os programas favoritos da Microsoft, como o Movie Maker. "Eu me lasquei", disse. O novo laptop não possui o chip gráfico requerido e tampouco executa seu programa favorito de edição de vídeo, ou qualquer outra coisa que não uma versão claudicante do Vista. "Eu possuo hoje uma máquina de e-mail de US$ 2.100", contou.

Acontece que Mike pode ser tudo, menos um usuário inexperiente. O nome dele é Mike Nash, vice-presidente da Microsoft para o desenvolvimento de produtos. Jon responde por Jon A. Shirley, membro do quadro de diretores da Microsoft. E Steven é Steven Sinofsky, vice-presidente sênior da empresa.

As declarações deles constam de uma série de comunicados internos da Microsoft. Uma ação jurídica iniciada contra a empresa, em março de 2007, nos EUA, obrigou a divulgação de documentos internos.
Os autores da ação alegam que o "Compatível com Windows Vista" é enganoso quando colocado em PCs incapazes de executar as versões que têm os recursos alardeados pela Microsoft como sendo as vantagens características do Vista. Entre as mensagens, há queixas de altos executivos da Microsoft transformados em usuários insatisfeitos do Vista.

Hoje, a empresa gaba-se de ter o dobro de drivers disponíveis do que quando do lançamento do sistema. Mas a performance e os recursos gráficos continuam a ser um problema.

O texto completo (sem as pequenas adaptações que eu fiz aqui, aliás) foi publicado na Folha Informática da quarta-feira, dia 26/03/2008, na íntegra AQUI. Historinha interessante sobre o desenvolvimento de um produto tão relevante para a Microsoft, uma das maiores empresas do mundo. Leitura essencial, eu diria.

Somando-se alguns fatores, podemos ver que mesmo empresas do porte da Microsoft mantêm este hábito assaz irritante de "tocar um foda-se" para o consumidor.... Basta ler esta matéria AQUI, do New York Times (em português).
Outra matéria que merece leitura está aqui, e trata do mesmo problema. Em que pese o viés dado a este texto, defendido por fãs da Apple, há revelações interessantes, e alguns links complementares para quem desejar aprofundar-se na questão.

Ainda sobre a Microsoft, li recentemente (aqui) sobre uma parceria com o Submarino, muito interessante.
Os usuários de todas as versões do Windows Vista podem utilizar o serviço de revelação online do site de comércio eletrônico por meio da Galeria de Fotos do Windows Vista ou da Galeria de Fotos disponível para download no Windows Live.
De acordo com o gerente de produto Windows da Microsoft Brasil, Ricardo Wagner, o objetivo da iniciativa é oferecer aos usuários diversas opções de serviços integrados dentro do ambiente digital. "O anúncio da parceria faz parte da estratégia software mais serviço da Microsoft, possibilitando que as pessoas possam tirar o melhor proveito do software, da conexão entre dispositivos e da evolução da web", comenta o executivo.
Para utilizar o serviço é necessário que o computador esteja conectado à Internet. O usuário seleciona as imagens que deseja revelar dentro da Galeria de Fotos e clica no ícone Imprimir, escolhendo a opção Submarino Revelação. O upload dos arquivos é feito automaticamente e enviado via web.
O prazo para o recebimento das fotos é de dois dias úteis, em média. Os valores das ampliações variam de acordo com a quantidade de imagens enviadas e dos formatos escolhidos, iniciando por R$ 0,39 a unidade no tamanho 10X15. Os clientes podem personalizar a impressão das fotos, determinando o tipo do papel, borda, tamanho, além de solicitar as imagens gravadas em um CD.

A iniciativa revela a importância de agregar serviços complementares a produtos e/ou serviços já existentes.
Interessante perceber que ao mesmo tempo em que a empresa busca uma diferenciação (através da adoção de serviços complementares que aumentem o valor percebido pelo consumidor), ela também demonstra descaso para com as necessidades e desejos dos clientes que adquirem seus softwares......

Um paradoxo do marketing moderno.... Ou, nas sábias palavras de Theodore Levitt, MIOPIA DE MARKETING.

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