Pretendia, desde o início do blog, tratar desse assunto "delicado" que é o tal "Marketing Pessoal". Não havia dado tempo, ainda.
Mas ontem recebi um e-mail, convidando-me a fazer uma palestra justamente sobre......marketing pessoal ! Assim, não poderia mais adiar no mínimo um post sobre o assunto. Certamente outros virão.
Numa rápida busca no Google, há mais de 200.000 ocorrências para o termo "marketing pessoal": desde outros blogs até empresas vendendo cursos de marketing pessoal, palestras e afins - sem contar, claro, a Wikipedia. E, por falar na Wikipedia, o texto lá disponível neste momento afirma que a expressão marketing pessoal "já havia sido utilizada por alguns dos principais autores na área como Philip Kotler, Jerome McCarthy e J. Roberto Penteado". Obviamente, por ser um site aberto a alterações de muitas pessoas, nada que esteja afirmado na Wikipedia pode ser levado muito a sério..... Pois bem: eu nunca vi o Philip Kotler ou Jerome McCarthy tratando de "marketing pessoal". Tenho alguns livros de ambos (além dos "clássicos"), e nunca vi tal "expressão" em nenhum. Pessoalmente, não acredito que nenhum destes 2 autores tenham tratado disso, mas.......
Então, começemos pela "definição" do marketing pessoal....
A Wikipedia traz a seguinte definição: Marketing Pessoal pode ser descrito como o processo, encetado por um indivíduo ou uma organização, envolvendo a concepção, planejamento e execução de ações que contribuirão para: a formação profissional e pessoal de alguém, a atribuição de um valor, que não necessita ser exclusivamente monetário, justo e compatível com o posicionamento de mercado que se queira adquirir, a execução de ações promocionais de valorização pessoal que o coloquem no lugar certo na hora certa, de tal maneira que as organizações ou pessoas para quem trabalhe ou exerça influência, e ele próprio, se sintam satisfeitos.
Num outro site, "Empório do Sucesso" (aqui), é possível ler o seguinte: Marketing pessoal é o ato de um indivíduo ir modificando seu comportamento e sua forma de agir, visando um melhor posicionamento no mercado, em empresas que lhe interessam. Para isso o individuo precisa desenvolver técnicas para poder divulgar sua imagem, sua competência e utilizar seus contatos para chegar onde quer. O profissional deve entender o que o mercado precisa (no caso dele o mercado é a empresa onde ele quer trabalhar), para que ele possa se adaptar, estudar, evoluir neste sentido. E o profissional precisa então começar a se divulgar, entre seus conhecidos, clientes, outros.
Neste caso, além do nome do site ser sugestivo porque remete àquela auto-ajuda do mais baixo nível, fico me perguntando o seguinte: o indivíduo vai "modificando seu comportamento visando um melhor posicionamento (...) em empresas que lhe interessam" significa que o indivíduo em questão deve abdicar do SEU próprio comportamento (que inclui valores, atitudes, crenças) para se ajustar a esta ou àquela empresa ?! Ou seja: pretende-se que o ser humano vire um ectoplasma, um mutante ?! O marketing pessoal deve transformar um profissional sério (que tem crenças, valores etc) num amorfo ?
Esta definição, assinada por Rodrigo Schmidt, me parece indicar e/ou recomendar a PROPAGANDA como forma de "divulgar a imagem" do profissional que supostamente recorre ao tal "marketing pessoal"...... Mas péraí: será que novamente cairemos naquela confusão entre "marketing" e "propaganda" ? Propaganda é um dos conceitos englobados no Marketing (mais especificamente, um dos 4P´s, conceito criado por Jerome McCarthy na década de 1960), e não sinônimo de marketing !
Esta situação me leva a crer que minha visão pessimista sobre o tal "marketing pessoal" é verdadeira: trata-se de um conceito vazio, sem nenhum sentido, criado exclusivamente para ludibriar incautos desesperadamente precisando de algum tipo de "muleta"..... Um conceito oriundo da auto-ajuda do mais baixo nível - não apenas intelectual, mas conceitual.
Mas vou continuar buscando mais indícios para comprovar ou descartar minha hipótese inicial......
Rogerio Martins (Psicólogo, Consultor para o Desenvolvimento Pessoal e Organizacional e Diretor da Persona Consultoria & Eventos), por sua vez, traz o seguinte ponto de vista (aqui): O cineasta americano Woody Allen, afirma que oitenta por cento do êxito consiste em aparecer. Mas é óbvio que para passarmos do ridículo ao êxito na arte de aparecer, faz-se necessário uma boa dose de planejamento e estratégia, que são os pilares do Marketing Pessoal, ou seja, como destacar-se em meio a tantos e atingir o sucesso global. Para isto destaco algumas delas a seguir, lembrando que em todo processo de desenvolvimento pessoal é importante preservarmos nossas características, evitando a busca de ser aquilo que não somos.
Ufa! Pelo menos aqui fica evidente que não haveria a necessidade de transformar a pessoa num amorfo, sem personalidade, "propagando" aquilo que não é (olha o crime de "propaganda enganosa" devidamente qualificado no Código de Defesa do Consumidor.....!). Menos mal !
Bom, a partir daí, o Sr. Rogerio Martins elenca alguns pontos que, segundo ele, são importantes para construir o tal "marketing pessoal". Alguns deles (com meus comentários em cor diferenciada):
1) construir uma auto-imagem positiva e otimista (isso é auto-ajuda pura!)
2) todo produto necessita de uma boa embalagem. Portanto, cuide da sua comunicação e apresentação pessoal, pois são o seu cartão de visitas (desculpe, caro Rogerio Miranda, mas confundir uma pessoa com um produto é, na minha modesta opinião, um erro tão grave que desmerece comentários)
3) demonstre iniciativa, persistência e motivação em tudo que faz. Certamente isto trará a atenção das pessoas, identificando-o como alguém interessante e interessado (uma mistura de auto-ajuda com guia de etiqueta, visando, prioritariamente, à atividade de propaganda de si mesmo.....cadê o "marketing" ?)
4) fique atendo ao feedback. Saber o que as pessoas pensam a seu respeito pode ajudar a mudar pequenos hábitos e costumes, se necessário (não tinha nada mais óbvio para ser dito ?)
5) seja justo e pontual com seus compromissos. Atenda as pessoas rapidamente, se não for possível pessoalmente, escreva, telefone, mas responda as chamadas depressa (isso é "etiqueta", ou seja, ser pontual, responder ligações, e-mails, etc...... Muito mais ligado à educação do que "marketing pessoal", não ?!)
6) saiba atender um pedido, auxilie, preste ajuda. Muitas vezes uma ajuda desinteressada pode transformar-se em uma grande amizade ou a conquista da admiração pelas demais pessoas (novamente: mais ligado à educação......)
7) tenha prazer no que faz e faça com prazer (esse é auto-ajuda da maior obviedade......)
8) venda corretamente sua imagem: ser competente e parecer competente ("vender a imagem"....PROPAGANDA total ! Cadê o "marketing"?!)
9) tente sinceramente não dizer nada negativo ou de julgamento sobre outra pessoa durante todo um dia. Se você conseguir, tente outro dia. A disciplina verbal pode se tornar um hábito e vale a pena (hummmm.... mais auto-ajuda, novamente, não ?! Uma tentativa de mudar o comportamento, além de uma aura de "estou tentando ser quem não sou".....)
Bom, confesso que já tenho um certo preconceito contra qualquer "receita de bolo" (do tipo "10 passos para ficar rico", ou "seja o novo Albert Einstein em 10 passos", ou ainda "aprenda mandarim em 20 dias"), mas, avaliando os "passos" propostos aqui pelo Sr. Rogerio Miranda, fico me perguntando: qual a diferença entre "marketing pessoal" e "guia de etiqueta" ?
Será que marketing pessoal é apenas uma maneira de se fazer notar, de fazer propaganda de si mesmo ?
Ora, então não é "marketing pessoal", mas "propaganda pessoal" !!!!!!!!
Será que ninguém aprendeu, ainda, a diferença entre marketing e propaganda ?
Registre-se que tenho o maior respeito e admiração por profissionais da propaganda, assim como pelos profissionais de marketing (sou um deles, pôxa!). Mas quero apenas seguir os ensinamentos do grande filósofo de Pindamonhangaba: "uma coisa é uma coisa; outra coisa, é outra coisa"......
Lendo uma ou outra coisa nos resultados que o Google indicou, vejo muita gente mencionando que o "marketing pessoal" pode ser um diferencial na busca de uma vaga de emprego ou coisa que o valha. Mas não seria mais interessante investir na COMPETÊNCIA para conseguir esta ou aquela vaga ? Não seria a competência para uma vaga o melhor "fator de escolha" ?
Se, por outro lado, prevalecer o "QI" (Quem Indica), não há "marketing pessoal" ou "auto-ajuda" que resolva !
Será que eu sou pessimista demais ou as pesoas andam confundindo vinho tinto seco de mesa com leite em pó ????
20 de setembro de 2007
Marketing pessoal.....
postado por Unknown
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7 comentários:
talvez eu tenha feito uma leitura rápida, porém não despersa..vocÊ só criticou. Não explanou seus conceitos de marketing pessoal, propaganda e guia de etiqueta, bem como não mostrou a diferença entre estes. Penso que talvez seu objetivo ao esrever esse texto não tenha sido de informar os leitores, apenas criticar alguns autores.
Renata,
Tratei do assunto em outros "posts" (basta ver, no menu à esquerda, a seção "assuntos do blog") e um dos intuitos de todos os posts é justamente discutir o conceito de "marketing pessoal".
Eu não tenho nenhum conceito para explanar, simplesmente porque não há indícios de que o tal conceito sequer exista !
Quanto à diferença entre propaganda, guia de etiqueta e o tal "marketing pessoal", não sou eu quem deve demonstrar quais são (ou NÃO são) as diferenças - cabe àqueles que acham que existe o "marketing pessoal" conceituá-lo e/ou defini-lo de tal forma que não fique parecendo guia de etiqueta ou propaganda - e isto ficou bastante claro nas pesquisas que indiquei neste post.
Eu não "tenho" conceitos de marketing pessoal, propaganda e guia de etiqueta: o texto pretendia justamente indicar a falta deste conceito, o que acaba ocasionando distorções e achismos.
Talvez valha a pena reler, com menos "despersão".
O objetivo deste post (e dos outros, que tratam do mesmo tema) é, primordialmente, discutir se existe (ou não) algum conceito sobre "marketing pessoal"; este tema já tem inúmeros sites que "informam" os leitores (como o próprio texto indica a pesquisa do Google), mas falta "apenas" uma leitura crítica do tema, sob o risco de ser afirmada qualquer bobagem sem nenhum sentido e pessoas acabarem "acreditando".
Ademais, fique à vontade para prosseguirmos esta discussão, que eu acho extremamente oportuna. Caso você tenha alguma definição e/ou conceituação relevante sobre este tema, terei o maior prazer em publicá-la por aqui.
Abraço,
Carlos
antes de mais nada peço desculpa pela falta de atenção ao digitar(não precisava utilizar sarcasmo para mostrar meu erro, mas...)
e agradeço pelo comentário.
Prefiro continuar minhas pesquisas a investir em discussões das quais não tenho conhecimento amplo.
Bom..ao menos seu texto ganhou 3 posts.
fique bem..
O Texto tem como principal objetivo criticar autores e não informar os leitores
Thais,
O seu comentário, por outro lado, é incrivelmente informativo.
Seu comentário é substancialmente relevante, alias, eu diria IMPRESCINDÍVEL para a discussão do assunto.
Agradeço sua visita, e aguardo outros comentários tão profundos e relevantes. Eles enriquecem sobremaneira a discussão sobre um assunto tão relevante quanto o marketing pessoal.
Acredito que o texto critica e o faz baseado na própria falta de conteúdo ou na melhor das hipótese de sua falta de definição sobre o tema, sou alheio aos conhecimentos necessários sobre o marketing por ser advogado, mas confundir regras de conduta e civilidade, consistentes em ter mais esmero e atenção nas relações interpessoais não pode ser confundido com as noções de marketing pelo menos de meu ponto de vista (leigo). Creio que o autor com a critica exposta desmascara a falta de "seriedade" e cunho científico duvidoso do aludido instituto.
Esta é minha opnião e espero ter contribuido dee alguma forma.
Obrigado a todos.
Olá, Carlos!
Voçê ainda não leu meu comentário? Por que não o respondeu ou o publicou? Ou será que não foi aprovado?!
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