23 de janeiro de 2008

RESPONSABILIDADE SOCIAL EM QUEDA

Já tratei, num post anterior, do tal "marketing verde" (ou qualquer nomenclatura igualmente vazia que se pretenda dar ao termo), e agora vou reproduzir uma nota curtinha que li na Folha de São Paulo do dia 20 de Janeiro último:
A preocupação dos consumidores com ações de responsabilidade social e ambiental está em queda. Em 2006, esse tipo de ação foi considerada item muito importante para 51% dos consumidores. Em 2007 o número não passou de 42%.
A conclusão é de pesquisa da TNS InterScience que perguntou o que é indispensável para uma empresa ser vista como uma organização que respeita o consumidor. Foram entrevistadas 1.250 pessoas em cidades como São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, homens e mulheres com mais de 18 anos.
O levantamento considerou atributos como qualidade, preço, propaganda ética, responsabilidade social e ambiental, atendimento e monitoramento da satisfação do consumidor.
A principal razão da mudança, segundo Roberto Meir, um dos coordenadores da pesquisa, é a "commoditização" do assunto responsabilidade. O investimento em ações sociais e ambientais passou a ser visto pelo cliente como um item básico e não mais como algo que possa influenciar a compra.
"Responsabilidade social não enche barriga. Se o consumidor vai comprar um suco, primeiro ele pensa em preço, qualidade, atendimento. Não vai pagar um centavo a mais pela embalagem responsável", diz Meir.
Segundo ele, a mudança também se explica pela emergência do consumidor de baixa renda, que não pode pensar em responsabilidade social na hora do consumo. "Ele não pode errar na compra. Não tem dinheiro para ficar jogando produto no lixo se não gostou."
Atributos como qualidade, atendimento e preço aumentaram em relação ao ano anterior.
No índice geral, a qualidade subiu de 61% para 65%.
O atendimento, que já aparecia como essencial para os consumidores, cresceu, citado por 63% em 2007, contra 58% no ano anterior.
O quesito qualidade na avaliação por classe aparece com 63% na classe C e 70% na B, em nível de importância. Na análise por região, verificou-se que a população nordestina se preocupa menos com qualidade.
Na separação por segmentos, entre as empresas apontadas como as que mais respeitam o consumidor aparecem Casas Bahia, Carrefour, Bompreço, C&A, Drogasil, McDonald's, Coca-Cola, Sadia, Bradesco, Vivo e Porto Seguro.

Os "gurus" da responsabilidade social devem estar com os cabelos em pé......
Aposto 2 latinhas de Coca-Cola, geladinhas, que os consumidores pesquisados não seriam capazes de indicar uma única ação de "responsabilidade social" destas empresas citadas que tenha contribuído para a sua escolha como uma das empresas que mais respeitam o consumidor.
Alguém aceita a aposta ????

Esta discussão sobre a "responsabilidade social", no Brasil, é engraçada.....

Primeiro porque o Brasil é o único país no qual as milhares de Organizações Não Governamentais são mantidas graças a dinheiro do governo. É um contra-senso total ! Que tal, então, adotar a designação de "OG" ao invés de ONG ? Afinal, se o governo é quem sustenta estas organizações, por que raios elas usam o termo "não governamental" ? São totalmente "governamentais", porque 99,99% delas não existiriam se não fosse pelo dinheiro do governo - que, no limite, é dinheiro público, que pertence aos cidadãos.

Segundo ponto: vejo muita coisa sendo dita, escrita e inventada sobre "responsabilidade social". Mas infelizmente, os argumentos que são utilizados na maior parte do tempo não se justificam.

No Brasil, em especial, NUNCA houve nenhum tipo de levantamento (amostral ou censitário) que comprovasse, por exemplo, que o consumidor está disposto a pagar muito mais caro por um produto "socialmente responsável". O mesmo vale para o "ambientalmente responsável".
A mídia vem fazendo bastante alarido, vem claramente massificando a questão ambiental em particular.
Como eu já citei aqui no blog, não tenho rigorosamente nada contra proteger o meio-ambiente - mas tenho tudo contra a utilização de ações desta natureza como argumento de venda ou como propaganda enganosa.

As empresas citadas na pesquisa (Drogasil, Coca-Cola, Porto Seguro, Carrefour etc) não são vistas como as que melhor atendem aos clientes devido às ações de "responsabilidade social", mas porque entregam qualidade no atendimento.

Simples e direto.
Mas tem gente que descarta o simples e tenta inventar uma explicação mirabolante, que passa pela ajuda da empresa na proteção da população de índios de um local remoto da Amazônia.
Bobagem, pura e simples.

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