É impressionante o discurso que algumas pessoas fazem. Para conseguirem, de alguma forma, chegar a uma conclusão que lhes favoreça, fazem verdadeiros malabarismo retóricos, distorcendo o que for preciso.
Esta eu li na Folha de São Paulo de 25/08/2009 (na íntegra, para assinantes, AQUI):
Apenas 7% dos consumidores brasileiros consideram aspectos de responsabilidade socioambiental das empresas na hora de escolher um produto, revela a pesquisa Monitor de Responsabilidade Social 2009, da Market Analysis, que será divulgada na próxima semana em São Paulo.A primeira coisa que me chama a atenção: atualmente, QUALQUER UM é chamado de "especialista" (em qualquer coisa).Acho que estou ficando velho..... Antigamente, para alguém ser "especialista", era necessário estudar muito, pesquisar muito. Hoje, não.
O percentual se refere aos consumidores que exercem sistematicamente o que se chama "compra sustentável": punindo (deixando de comprar ou falando mal) ou premiando (comprando preferencialmente ou falando bem) as empresas a partir de sua atuação socioambiental. A participação de quem somente premia as empresas soma cerca de 15% dos consumidores, enquanto a de quem pune representa 8% do total.
"Esse patamar oscilou muito pouco nos últimos anos, o que nos permite fazer duas avaliações distintas. Se de um lado continuamos muito aquém da média de países como Estados Unidos, Inglaterra ou Alemanha no quesito engajamento do consumidor, de outro podemos afirmar que isso não representou um modismo passageiro por aqui, sobretudo para os consumidores que compram preferencialmente de empresas responsáveis", afirma o diretor da Market Analysis, Fabian Echegaray.
A onda da publicidade em torno da sustentabilidade, ainda que não tenha se traduzido em mais ações práticas na hora da compra, aumentou o nível de conhecimento do consumidor brasileiro sobre o tema. E também o de desconfiança. Segundo a pesquisa da Market Analysis, a diferença entre o que os consumidores esperam que as empresas façam e o que acham que elas realmente fazem alcançou 87 pontos percentuais no Brasil. Um recorde histórico, inclusive na comparação internacional, que engloba outros 31 países.
"Quando um tema desses ganha a exposição pública que vimos nos últimos anos, é natural que os consumidores se tornem mais críticos depois de um certo deslumbramento inicial. Esses ciclos fazem parte, no entanto, da consolidação desse conceito na sociedade, assim como ocorreu em outros países", diz o consultor Ricardo Voltolini, da Idéia Sustentável.
Segundo os especialistas, o fraco engajamento do consumidor brasileiro tem diversos motivos. Além dos conhecidos, como o baixo nível de escolaridade média ou a preferência pelo fator preço, um dos mais citados é a ausência de informações a respeito das características socioambientais do próprio produto nas embalagens e gôndolas de supermercado. De fato, procurar informações sobre o processo industrial de um produto, como a emissão de carbono ou o consumo de energia envolvido na produção, é uma missão quase impossível para o consumidor.
Engraçado é acompanhar as declarações e "análises" (sic) feitas pelos tais especialistas: nenhuma se sustenta, de tão frágil. Basta ver, AQUI, declarações do mesmo Fabián Echegaray, do ano passado, que contradizem TUDO o que ele afirmou agora em 2009.
Além dessa ranhetice minha, destaco alguns pontos da reportagem:
1) "Ao mesmo tempo em que vemos inúmeras propagandas a respeito do assunto, temos pouquíssimas informações que esclareçam esses aspectos para o consumidor final, para que ele possa canalizar sua preocupação socioambiental nos hábitos de compra. Hoje essas informações se restringem à madeira certificada, ao papel reciclado e ao consumo eficiente de energia de alguns eletroeletrônicos", aponta Echegaray.
E você, caro leitor, sabe POR QUE isso acontece ?
É mais simples do que parece: os consumidores não têm interesse REAL em obter estas informações. Simples, não ?!
2) Mas, se o consumidor brasileiro ainda não considera o aspecto socioambiental ao comprar ou não um produto, qual é o impulso para que as empresas passem a oferecer esse tipo de informação? Uma das respostas pode vir do setor varejista, que começa a se movimentar com o objetivo de ampliar esse leque de informações ao consumidor, inclusive como fator de ganho de competitividade para suas marcas próprias. Segundo a Folha apurou, as três maiores redes de supermercados no país -Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart- têm planos ambiciosos nesse sentido.
Sabemos a razão disso, não ?!
Chama-se MIOPIA.
No caso de algumas empresas, a MIOPIA de seus dirigentes (administradores, gerentes, presidentes etc) os força a investir na propaganda (enganosa, na maioria esmagadora dos casos) calcada na "sustentabilidade", pois eles se sentem culpados por pagar salários baixos, por poluir o meio-ambiente, ou então é apenas comodismo (do tipo "vamos aproveitar a "onda verde" e anunciar que nossa empresa é sustentável).
Basta ver o caso do Wal-Mart: a empresa sempre foi acusada de pagar salários baixos (o que é verdade). Mas o "politicamente correto" quer que a empresa pague altos salários - contudo, os clientes do Wal-Mart querem que a empresa continue vendendo com preços abaixo da concorrência. Ora, são "desejos" diferentes (opostos, na verdade). O Wal-Mart sempre preferiu ouvir a demanda de seus clientes - ainda bem! Afinal, são os clientes, e não os "politicamente corretos xiitas" que garantem as receitas bilionárias do varejista.
A empresa paga salários baixos ?
Sim.
Mas, se há um contingente de pessoas dispostas a trabalhar por salários baixos (que, convenhamos, é melhor do que nenhum salário), OK.
3) Como de costume, as tais "pesquisas" feitas na área denominada "sustentabilidade" são tão rasas quanto o QI do Lula. Todas têm um jeitão tão amador, tão pateticamente frágil, que me proporcionam cólera ao ler.
E, assim, seguimos vendo essas barbaridades.....
Em tempo: recomendo ENTUSIASTICAMENTE algumas linhas escritas pelo Clemente Nóbrega sobre o "Triple Bottom Line", em seu blog. Para ir direto aos posts que tratam da questão, basta clicar AQUI, AQUI, AQUI e AQUI.
Discussões IMPRESCINDÍVEIS.
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