26 de agosto de 2009

O malabarismo retórico do discurso "sustentável"

É impressionante o discurso que algumas pessoas fazem. Para conseguirem, de alguma forma, chegar a uma conclusão que lhes favoreça, fazem verdadeiros malabarismo retóricos, distorcendo o que for preciso.
Esta eu li na Folha de São Paulo de 25/08/2009 (na íntegra, para assinantes, AQUI):

Apenas 7% dos consumidores brasileiros consideram aspectos de responsabilidade socioambiental das empresas na hora de escolher um produto, revela a pesquisa Monitor de Responsabilidade Social 2009, da Market Analysis, que será divulgada na próxima semana em São Paulo.

O percentual se refere aos consumidores que exercem sistematicamente o que se chama "compra sustentável": punindo (deixando de comprar ou falando mal) ou premiando (comprando preferencialmente ou falando bem) as empresas a partir de sua atuação socioambiental. A participação de quem somente premia as empresas soma cerca de 15% dos consumidores, enquanto a de quem pune representa 8% do total.

"Esse patamar oscilou muito pouco nos últimos anos, o que nos permite fazer duas avaliações distintas. Se de um lado continuamos muito aquém da média de países como Estados Unidos, Inglaterra ou Alemanha no quesito engajamento do consumidor, de outro podemos afirmar que isso não representou um modismo passageiro por aqui, sobretudo para os consumidores que compram preferencialmente de empresas responsáveis", afirma o diretor da Market Analysis, Fabian Echegaray.

A onda da publicidade em torno da sustentabilidade, ainda que não tenha se traduzido em mais ações práticas na hora da compra, aumentou o nível de conhecimento do consumidor brasileiro sobre o tema. E também o de desconfiança. Segundo a pesquisa da Market Analysis, a diferença entre o que os consumidores esperam que as empresas façam e o que acham que elas realmente fazem alcançou 87 pontos percentuais no Brasil. Um recorde histórico, inclusive na comparação internacional, que engloba outros 31 países.
"Quando um tema desses ganha a exposição pública que vimos nos últimos anos, é natural que os consumidores se tornem mais críticos depois de um certo deslumbramento inicial. Esses ciclos fazem parte, no entanto, da consolidação desse conceito na sociedade, assim como ocorreu em outros países", diz o consultor Ricardo Voltolini, da Idéia Sustentável.

Segundo os especialistas, o fraco engajamento do consumidor brasileiro tem diversos motivos. Além dos conhecidos, como o baixo nível de escolaridade média ou a preferência pelo fator preço, um dos mais citados é a ausência de informações a respeito das características socioambientais do próprio produto nas embalagens e gôndolas de supermercado. De fato, procurar informações sobre o processo industrial de um produto, como a emissão de carbono ou o consumo de energia envolvido na produção, é uma missão quase impossível para o consumidor.
A primeira coisa que me chama a atenção: atualmente, QUALQUER UM é chamado de "especialista" (em qualquer coisa).Acho que estou ficando velho..... Antigamente, para alguém ser "especialista", era necessário estudar muito, pesquisar muito. Hoje, não.
Engraçado é acompanhar as declarações e "análises" (sic) feitas pelos tais especialistas: nenhuma se sustenta, de tão frágil. Basta ver, AQUI, declarações do mesmo Fabián Echegaray, do ano passado, que contradizem TUDO o que ele afirmou agora em 2009.

Além dessa ranhetice minha, destaco alguns pontos da reportagem:
1) "Ao mesmo tempo em que vemos inúmeras propagandas a respeito do assunto, temos pouquíssimas informações que esclareçam esses aspectos para o consumidor final, para que ele possa canalizar sua preocupação socioambiental nos hábitos de compra. Hoje essas informações se restringem à madeira certificada, ao papel reciclado e ao consumo eficiente de energia de alguns eletroeletrônicos", aponta Echegaray.
E você, caro leitor, sabe POR QUE isso acontece ?
É mais simples do que parece: os consumidores não têm interesse REAL em obter estas informações. Simples, não ?!

2) Mas, se o consumidor brasileiro ainda não considera o aspecto socioambiental ao comprar ou não um produto, qual é o impulso para que as empresas passem a oferecer esse tipo de informação? Uma das respostas pode vir do setor varejista, que começa a se movimentar com o objetivo de ampliar esse leque de informações ao consumidor, inclusive como fator de ganho de competitividade para suas marcas próprias. Segundo a Folha apurou, as três maiores redes de supermercados no país -Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart- têm planos ambiciosos nesse sentido.
Sabemos a razão disso, não ?!
Chama-se MIOPIA.
No caso de algumas empresas, a MIOPIA de seus dirigentes (administradores, gerentes, presidentes etc) os força a investir na propaganda (enganosa, na maioria esmagadora dos casos) calcada na "sustentabilidade", pois eles se sentem culpados por pagar salários baixos, por poluir o meio-ambiente, ou então é apenas comodismo (do tipo "vamos aproveitar a "onda verde" e anunciar que nossa empresa é sustentável).
Basta ver o caso do Wal-Mart: a empresa sempre foi acusada de pagar salários baixos (o que é verdade). Mas o "politicamente correto" quer que a empresa pague altos salários - contudo, os clientes do Wal-Mart querem que a empresa continue vendendo com preços abaixo da concorrência. Ora, são "desejos" diferentes (opostos, na verdade). O Wal-Mart sempre preferiu ouvir a demanda de seus clientes - ainda bem! Afinal, são os clientes, e não os "politicamente corretos xiitas" que garantem as receitas bilionárias do varejista.
A empresa paga salários baixos ?
Sim.
Mas, se há um contingente de pessoas dispostas a trabalhar por salários baixos (que, convenhamos, é melhor do que nenhum salário), OK.

3) Como de costume, as tais "pesquisas" feitas na área denominada "sustentabilidade" são tão rasas quanto o QI do Lula. Todas têm um jeitão tão amador, tão pateticamente frágil, que me proporcionam cólera ao ler.

E, assim, seguimos vendo essas barbaridades.....
Em tempo: recomendo ENTUSIASTICAMENTE algumas linhas escritas pelo Clemente Nóbrega sobre o "Triple Bottom Line", em seu blog. Para ir direto aos posts que tratam da questão, basta clicar AQUI, AQUI, AQUI e AQUI.
Discussões IMPRESCINDÍVEIS.

19 de agosto de 2009

Marcas próprias e atendimento ao cliente

E hoje eu consegui abrir uma brecha para procurar materiais para meus orientandos.....
No decorrer do processo de busca, acabei me deparando com algumas leituras EXCELENTES.
Ficam as recomendações AQUI, AQUI e AQUI. Boas informações sobre o varejo supermercadista.

E, para mostrar à Microsoft que o atendimento ao cliente pode, SIM, ser bem-feito (vide post anterior), um texto publicado na newsletter do Peppers & Rogers Group:

Chat – Ferramenta para um Atendimento Competitivo
Por Jeremy Nedelka, Editor-Assistente do 1to1Media

Embora os serviços on-line ofereçam grande conveniência, em diversas situações os clientes ainda precisam de orientações quanto ao uso. Cada vez mais empresas têm dado essa assistência utilizando-se de chats. Essa ferramenta pode funcionar de diversas formas, como por exemplo, uma troca de mensagens de texto, mensagens de voz ou mesmo um fórum com imagens de vídeo em tempo real.

Empresas que já adotaram o chat têm descoberto que, tanto para vendas quanto para o suporte técnico, o uso desta ferramenta impacta diretamente na redução das chamadas para as centrais de atendimento e, conseqüentemente, aumenta a quantidade de visitas ao site. Além disso, clientes que conseguem resolver seus problemas via chat ficam menos propensos a deixar o site da empresa frustrados.

Por enquanto, o chat não é a ferramenta predominante, porém, a sua tecnologia tem avançado e uso por parte dos clientes tem aumentado.

Da mesma forma que cada empresa tem sua própria estratégia, existem diferentes maneiras de introduzir o chat no serviço de atendimento ao cliente. "Impressiona-me a quantidade de empresas que atua no mesmo mercado e que tem diferentes visões a respeito do chat", diz Chip Gliedman, vice-presidente do Forrester e autor do recém publicado relatório Melhores Práticas para a Implementação de chats Online. "No mercado financeiro e de seguros, por exemplo, o chat é implementado pelo departamento de produtos. Dessa maneira a tendência é pensarmos que, se ele funciona em um lugar, certamente irá funcionar em outro. Porém, não funciona bem assim, pois cada grupo acaba implementando o serviço de atendimento ao cliente de forma diferente", afirma Gliedman.

Varia também de cada empresa a forma de gerenciar o chat com a central de atendimento. Algumas delas designam alguns dos seus funcionários para atender chamadas e gerenciar o chat, outras utilizam funcionários específicos apenas para o chat, enquanto outras determinam que seus funcionários trabalhem no atendimento das chamadas, nos e-mails e no chat. Segundo Gliedman, é recomendável que as empresas dediquem algumas pessoas específicas para tratarem apenas do chat, pois funcionários especializados podem reduzir a quantidade de ligações e aumentar a satisfação do cliente.

"O interessante do chat é que quem está operando consegue saber de qual lugar do site o cliente está iniciando a interação e isso ajuda a direcionar o problema para o operador certo", diz Gliedman. Estes operadores também podem controlar o navegador do cliente e através desta ferramenta fazer com que a informação que ele está vendo apareça na sua tela.

A experiência do cliente também é afetada pelo tipo de chat que a empresa utiliza. O chat reativo, aquele em que o cliente solicita ajuda, é totalmente diferente do chat proativo, em que o agente interrompe um cliente para oferecer assistência.

Segundo Paco Underhill, CEO da empresa de pesquisa Envirosell, o chat proativo é importante para qualquer empresa que preste serviços on-line, afinal, sempre existirão pessoas menos experientes que precisarão de alguma assistência. Gliedman concorda e acrescenta que as empresas que não oferecem um chat proativo, correm o risco de perder aqueles clientes que estão sondando o site e provavelmente precisam assistência. "Mesmo que você não ofereça o chat reativo, deixar de oferecer o proativo, faz com que você fique em desvantagem com a concorrência".

Partindo do ponto de vista da implementação, o chat é quase idêntico a qualquer outro ponto de contato com o cliente. As métricas são semelhantes: manipular o tempo, responder mais rápido aos clientes e tentar solucionar na primeira chamada. Além disso, é mais fácil reduzir o tempo de espera, pois, em muitos casos, um só agente pode lidar com vários chats ao mesmo tempo. A pesquisa de Gliedman revelou que, com os avanços da tecnologia para automação do chat, as operações via call center tendem a dar lugar a esta ferramenta, se tornará cada vez mais popular.

Apesar disso, os call centers continuarão sendo o principal ponto de contato do cliente. Mas não resta dúvida nenhuma que oferecer serviços de atendimento via chat é uma grande vantagem competitiva.

Vamos enrolar o (otário do) cliente....quem sabe ele desiste !

É impressionante como algumas empresas (muitas, na verdade) são burras !!!!!!
Ao invés de usarem o SAC (ou qualquer outro canal de comunicação com o cliente) a seu favor, como uma mola propulsora para a satisfação e futura fidelização do cliente, muitas empresas perdem suas chances.....

Exemplo mais recente: em dezembro do ano passado comprei um mouse para usar com o meu laptop.
Um mouse da Microsoft.
Semana passada, o botão esquerdo do mouse pifou (o botão mais usado!).
Depois de perder alguns BONS minutos fuçando no site da Microsoft, consegui enviar um e-mail para a empresa (mas era uma dificuldade IMENSA localizar um endereço de e-mail - e olha que estamos falando de uma empresa de TECNOLOGIA!!!!!).

Nem vou explicar muita coisa mais - vou apenas transcrever as mensagens:

Mensagem: Tenho um Microsoft Wireless Notebook Optical Mouse 3000, adquirido em 22/12/2008, e cujo botão esquerdo parou de funcionar há alguns dias.
Gostaria de saber como devo proceder, e como obtenho os endereços de assistências técnicas que possam fazer o conserto do equipamento (ainda dentro da garantia de 2 anos).
Moro em São Paulo, SP, CEP 05176-090.
Eis a resposta que recebo hoje:
2009/8/19 Microsoft Online Customer Service

Boa tarde Sr Carlos

Obrigada por contatar o atendimento Microsoft Online.

Para que possamos melhor auxiliar em sua dúvida, pedimos gentilmente que nos encaminhe o número de identificação do produto e o modelo de seu hardware.

Vale lembrar que estas informações encontram-se registradas na parte inferior de seu hardware.

Para obter informações de suporte relacionadas a sua dúvida poderá acessar o site http://support.microsoft.com/

Na Microsoft trabalhamos para a satisfação dos nossos clientes e parceiros de negócios, este canal está sempre à sua disposição para esclarecimento de informações, sugestões ou reclamações.

Cordialmente,

Irene de Souza

Atendimento Microsoft

E-mail: www.microsoft.com.br/fale
A Irene não poderia já ter me passado a lista de locais do serviço autorizado próximos do meu CEP ? Ora, eu informei o CEP logo na primeira mensagem justamente para facilitar !!!!!!!!!!
Respondi o e-mail d Irene asim:
Irene,
Precisa de tanta complicação para que eu possa saber os locais de assistência técnica mais próxima ?!
O modelo do hardware não é aquele que eu informei na mensagem inicial (Microsoft Wireless Notebook Optical Mouse 3000) ?
Quanto aos números solicitados:
P/N: X806546-001
PID: 77890-492-7903702-80827

Mais alguma informação é necessária para eu saber aonde posso consertar o mouse ? Meu RG, CPF, número da carteira de motorista ou número do RENAVAM do meu carro ?!
A solicitação do cliente (eu) era tão simples !!!!!!!
Mas..... Por que resolver de forma rápida e simples, afinal, se a empresa pode simplesmente enrolar o cliente, né ?!