Primeiro, a contextualização.
Em Janeiro, publiquei aqui no blog um post tratando do freqüente problema de incompreensão do termo MARKETING.
Hoje recebi um e-mail da autora do artigo que eu comentei, Nathalie Nunes. Eis aqui a íntegra da mensagem que ela me enviou:
Bom dia Carlos,Nathalie,
Fiquei surpreendida com o seu comentário sobre o artigo que publiquei na revista RI pelas seguintes razões:
1.O seu caráter ofensivo num espaço tão público como a internet;
2.Você não ter entendido do que tratava o artigo;
3.Você não ter entrado em contato através do meu email que se encontrava no final do artigo para manifestar sua indignação.
Finalmente, considero que adotar um estilo irreverente e polêmico pode ser muito interessante. No entanto, acredito que qualquer que seja a personalidade de um profissional, respeito e ética são imprescindíveis. Lamento que, nesse caso, você não tenha adotado esse comportamento.
Estou à disposição para dialogarmos sobre os pontos levantados tanto por você quanto por mim através do email indicado no artigo. Se realmente dialogar era sua intenção ao criar o blog.
Nathalie Nunes
A julgar pela mensagem que você me enviou, quem não entendeu o texto que postei no blog foi você.
O meu comentário estava analisando a costumeira confusão que leigos fazem no que tange ao conceito de marketing.
O seu artigo na Revista RI reforça esta confusão, pois você escreveu bobagem lá.
Desde o título, passando pelo conteúdo, o seu artigo confunde o conceito de marketing com "propaganda enganosa".
Não há, nem houve, caráter ofensivo.
Indique, por favor, aonde está a "ofensa".
Ela não existiu. Aliás, como eu poderia ofendê-la, se nem sequer a conheço ?
Talvez você esteja querendo dizer que eu fui ofensivo ao analisar o seu texto ?!
Será isso ?!
Bom, se for este o caso (não tenho certeza, pois sua mensagem apenas citou "O seu caráter ofensivo num espaço tão público como a internet"), novamente você está fazendo uma ligeira confusão.
Eu não fui ofensivo, eu fui CRÍTICO.
A despeito de, no Brasil, ser crítico é usualmente associado a ser ofensivo, o que eu fiz foi analisar o seu texto, e indicar os erros (crassos) que dele constam.
Ofensivo, por outro lado, é o seu texto: ele ofende a inteligência do leitor, ao imaginar que o este leitor não saiba a diferença entre marketing e propaganda enganosa.
O título do seu artigo já começa de forma errada, pois aponta uma escolha: A responsabilidade social das empresas e as parcerias estratégicas com o terceiro setor: INTEGRAÇÃO ESTRATÉGICA OU MARKETING?
Ora, o título aponta uma escolha: OU se trata de integração estratégica OU se trata de marketing.
Nitidamente, se você não vê nenhum erro nisso, você precisa pesquisar o que é marketing, e como ele se integra à estratégia empresarial.
Mais adiante, seu artigo traz o seguinte trecho: No entanto, a sinceridade e eficiência de muitas parcerias são questionadas, ao apontar o seu caráter marketeiro e qualificá-las de: window dressing, vitrine superexpondo ações sem valor agregado; greenwash, propaganda para encobrir um desempenho ambiental fraco; e bluewash, uso da credibilidade das Nações Unidas na declaração pública de abraçar os
princípios do Pacto Global, sem práticas consistentes.
O termo "caráter marketeiro" (além do erro gramatical, dado que o termo "marketeiro" não existe nem em português, nem tampouco em inglês) deixa clara sua intenção de associar o marketing à suposta propaganda enganosa.
Novamente, se é isto que você acha sobre marketing, falta uma ampla e detalhada pesquisa, alguns estudos e leituras.
Um bom começo seria este artigo AQUI, que eu costumo discutir nas primeiras aulas de marketing na graduação, justamente para desmistificar o termo marketing - que, no senso comum, na visão dos leigos, é frequentemente confundido com propaganda ou algumas outras coisas.
Aliás, como apontam os professores Campomar e Ikeda, neste artigo, não são apenas os "leigos" que cometem este tipo de erro: há aquela categoria dos "supostos especialistas", ou seja, pessoas que SE DIZEM experts no assunto, mas na realidade acabam cometendo os mesmos erros primários dos leigos (desta vez, sem aspas).
E foi justamente neste sentido que minha postagem no blog criticou os "supostos especialistas". A Revista RI, como eu descobri graças ao seu artigo, comprova a hipótese.
Por que não usei o e-mail para "manifestar indignação" (como você escreve) ?
Para quê ?
Não se trata de indignação com uma pessoa em particular (seja você, seja qualquer outra).
Conforme eu escrevi no blog, eu trato desta errônea confusão conceitual aqui no blog (inclusive, indiquei alguns links de posts anteriores, que versam justamente sobre isso). Num segundo nível, acho apenas patético e degradante que existam publicações (revistas, jornais etc) que não se dêem conta desta besteira atroz que é confundir marketing com propaganda (enganosa ou não), e acabem publicando textos travestidos de sérios e embasados quando, ipso facto, são apenas aglomerados de chavões dominados pelo mais ignóbil senso comum.
Mas sabemos que existem consumidores para diversos tipos de produtos e serviços.
Há consumidores de livros de auto-ajuda igualmente repletos de senso comum rasteiro.
Ok.
Mas eu não vou mandar e-mail para cada um, tratando disso, questionando ou criticando.
O problema é deles.
O meu problema, o meu objetivo aqui no blog, é tratar de marketing - não sob a visão deturpada de que se trata de "propaganda", mas discutindo a acepção ampla, correta, séria, e suas aplicações, resultados etc.
Esta função o blog tem cumprido. E continuará.
Inclusive para que meus alunos, e demais leitores do blog, passem a entender esta questão, discuti-la e, mais importante, trabalhar no sentido de minimizar (ou, quiçá, eliminar) estas falácias que cercam o marketing.
Quem sabe, desta forma, revistas como Exame ou RI passem a adotar um controle de qualidade que funcione.
O blog está, desde sempre, aberto às discussões deste tema tão amplo e mal-compreendido que é o marketing. O espaço de comentários é democrático, e se você (ou qualquer pessoa) quiser comentar, questionar, criticar ou elogiar o blog (e, por extensão, seu conteúdo), os meios para isso estão à disposição.
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