13 de dezembro de 2008

Sobre as empresas sustentáveis

Recebi um e-mail, nesta semana, do Rafael Menshhein, com uma definição BRILHANTE sobre as empresas sustentáveis. Como ele me autorizou, reproduzo-a:

Empresa sustentável é aquela que vende seus produtos ou serviços, pega o dinheiro e paga suas despesas, impostos e afins, entrega a participação dos acionistas e investe parte dos lucros para continuar viva no mercado.
Mas como as pessoas não enxergam por este lado há uma crença de elas não se sustentem, pois o lucro é proibido e todos os anjinhos que vão diariamente para as empresas não recebem salários e benefícios, já que isto pode ser um lucro sobre a mão-de-obra que oferecem.
Nem preciso dizer que concordo INTEIRAMENTE com o Rafael, né ?!
Ainda mais depois de ler a seguinte matéria no Valor Econômico do último dia 11/12:
A crise de confiança do mercado bateu forte no terceiro setor. A Petrobras, maior empresa brasileira e maior patrocinadora de projetos culturais, sociais e ambientais do país - R$ 580 milhões em contribuições voluntárias segundo informações da companhia - e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a grande referência na área, já não freqüentam juntos as mesmas conferências e debates sobre sustentabilidade na gestão corporativa.

"De 2007 para cá a relação foi ficando crescentemente tensa em função da postura cada vez mais agressiva por parte do conselho deliberativo do Ethos, Oded Grajew", diz Luís Fernando Nery, gerente de responsabilidade social da empresa, que anunciou dia 2 seu desligamento do Ethos. "A crítica cresceu e chegou a um patamar que ultrapassou os critérios mínimos de bom-senso e de civilidade" afirma. "Pelo menos nesta gestão não vejo condição de um posicionamento socialmente responsável da empresa", diz Ricardo Young, presidente do Ethos. Para ele, a postura da estatal reflete "uma arrogância típica da ditadura".

O conflito nasceu e cresceu em torno de uma questão que se arrasta desde 2002, em uma seqüência de vaivéns e adiamentos: a regulamentação do teor de enxofre no diesel que abastece os veículos brasileiros. Há pouco mais de um ano, entidades da sociedade civil intensificaram as pressões para a entrada em vigor da resolução 315 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que previa que a partir de janeiro de 2009 as emissões de enxofre do diesel teriam que baixar de 2000 partes por milhão (quando vendido em áreas urbanas) e 500 ppm (nas áreas metropolitanas) para 50 ppm.

Na madrugada do dia 30 de outubro, porém, a entrada em vigor da resolução foi postergada mais uma vez. Um acordo firmado na presença do Ministério Público Federal, entre governo federal, representantes da Petrobras, Agência Nacional de Petróleo, Anfavea (a associação que reúne as montadoras), Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo e outros representantes da indústria automobilística prevê que a adoção ampla das normas ocorrerá em 2014.

A partir daí, foi tudo muito rápido. No dia 25 de novembro a BM&FBovespa anunciou que a Petrobras e outras cinco empresas haviam sido excluídas do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que avalia as companhias com melhores desempenhos social e ambiental. O jornal "O Globo" havia antecipado a decisão do conselho do ISE no dia anterior.

No momento do comunicado, o site da internet do Movimento Nossa São Paulo, que tem Grajew como um de seus idealizadores, veiculava a notícia, atribuindo ao posicionamento da empresa em relação ao diesel grande peso na decisão. Uma semana depois, a Petrobras publicou uma nota pedindo seu desligamento do Ethos, por considerar que seria "alvo de uma campanha articulada com o objetivo de atingir a imagem da companhia e questionar a seriedade e eficiência de sua administração".

"Como freqüentar uma associação que não tem com seu associado uma postura ética?", questiona Nery. "Não fomos nós que quebramos o sigilo", garante Oded. "Isso é 0,0001 da importância do assunto, que é muito mais grave, uma questão de saúde pública", afirma ele. "O ISE tem um conselho de alto nível e ninguém ia tirar a Petrobras por capricho", afirma.

O Conselho do ISE é composto pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, atualmente representado por Young, International Finance Corporation (IFC), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), além da BM&FBovespa e do Ministério do Meio Ambiente. Tanto a BM&FBovespa quanto a Anfavea não se manifestam sobre a questão, segundo suas assessorias.

A Petrobras considera que a questão é política. "Do ponto de vista ético e legal não há o que discutir. Eles repetem equívocos", afirma Nery. Na interpretação da companhia, o acordo assinado no fim de outubro encerra a discussão legal. E ele diz que em um cronograma que vai até 2010, a Petrobras vai investir no total R$ 4 bilhões para a construção de 36 Unidades de Hidrotratamento (HDT) para a produção de diesel e melhoria da qualidade do produto

"Para esse processo são necessários investimentos nos postos, montadoras, Petrobras, órgãos de fiscalização. Há atrasos por várias instituições", explica Nery. "Vamos supor que não haja resolução nenhuma", contrapõe Oded. "Na Europa e nos países desenvolvidos, o diesel é de 10 ppm a 15 ppm. No Brasil, 75% são de 2000 ppm e 25% de 500 ppm. Empresa responsável deveria no mínimo tentar se igualar em termos de enxofre. A Petrobras deveria fazer o esforço", argumenta.

"A questão não é eles terem um dilema, mas, sim, como lidam com o dilema", diz Young. "A Petrobras, a princípio, colocou o movimento do diesel como político e não como questão de saúde pública", diz. O Ethos, afirma, ao contrário dos outros movimentos, apostou que a Petrobras investiria em um processo novo para o diesel e a energia e assumiria a vanguarda.

"O que é assumir a liderança? É reconhecer que o problema existe, que é difícil resolver, e depois examinar as possíveis soluções", afirma Young. "Não há empresa no mundo 100% gerida por processos de responsabilidade social e ambiental, isso é um processo de construção", avalia Nery. "Tem coisas para melhorar? Tem. Pode fazer um produto melhor? Pode", complementa. Esse parece ser hoje o único ponto de concordância entre a estatal e a entidade. Um sinal de que ser socialmente responsável é uma tarefa cada vez mais complexa.
Como sempre, os grifos em negrito são meus.
E, mais uma vez, fica claro que NINGUÉM sabe o que diabos significa a tal "Responsabilidade Social Corporativa" ou qualquer sinônimo vazio que o valha.

Afinal........

Será que a Petrobrás deixou de ser "socialmente responsável" única e exclusivamente graças à questão do enxofre no diesel ?
Será que o Instituto Ethos não errou ao classificar a Petrobrás como "ambientalmente responsável", lá atrás ?
Será que só agora é que o Instituto Ethos descobriu que a Petrobrás não é "socialmente responsável" ? Ninguém percebeu nada até agora ?
Por quanto tempo o Instituto Ethos corroborou a imagem de "ambientalmente responsável" da Petrobrás ? Será que os critérios deles não estavam, afinal, furados ?

Tantas perguntas......... Nenhuma resposta.

1 comentários:

Unknown disse...

não consigo evitar de relembrar um conceituado autor "...the business of business is business..."!!